Um estudo inédito do Banco Mundial propõe um amplo projeto de interligação de modais (rodoviário, fluvial e ferroviário) no Nordeste para reduzir o custo do transporte da produção agrícola na região. O trabalho prevê intervenções milionárias na bacia do rio São Francisco que abrange 22 mil hectares de áreas irrigadas e 1.942 pequenos produtores com lotes familiares.
Em um primeiro momento, está prevista a pavimentação de 1.545 quilômetros de rodovias e a revitalização de outros 1.331 quilômetros, além de ajustes em 1.974 quilômetros de estradas, instalação de terminais hidroviários em quatro cidades da Bahia e outras obras menores, segundo estudo do banco encomendado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Um grupo de trabalho interministerial formado pelo Ministério dos Transportes, Secretaria de Planejamento da Bahia, Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e Ministério da Integração Nacional participa das discussões sobre a viabilidade das obras.
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Segundo o presidente da Codevasf, Elmo Vaz, a instalação de um corredor multimodal de transportes trará mais progresso para o oeste baiano, que tem grande potencial agrícola para algodão, milho, soja, café e arroz. Para as áreas de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), a vantagem seria o escoamento de frutas, que tem um importante polo produtor na região, e de cana-de-açúcar. “Com o projeto, nasce uma proposta de integrar os modais da região, que necessita das mudanças para crescer mais. O objetivo do governo é tentar reduzir os custos do transporte no escoamento da produção”, disse Vaz.
“O estudo, em parceria com o Banco Mundial, é importante para nós. Temos todo o interesse em fomentar o transporte na região, principalmente integrando os modais. A prioridade é ajudar no escoamento da produção agrícola”, disse uma fonte do Ministério dos Transportes. Não existe ainda estimativas em relação aos custos das obras, já que serão necessários mais estudos de viabilidade e investimentos.
O Brasil ocupou a 45ª posição no Índice de Desempenho Logístico do Banco Mundial em 2012. Os cinco primeiros colocados no ranking do índice são Cingapura, Hong Kong, Finlândia, Alemanha e Holanda. Os Estados Unidos aparecem na 9ª posição. As obras, de acordo com Vaz, ajudariam a melhorar o escoamento da região, que recebeu investimentos em diversas eclusas e ferrovias.
Dados do banco revelam que o custo médio de produção de soja nos Estados Unidos é de US$ 222 por tonelada na propriedade e de US$ 239 até o porto, com o custo do transporte no valor final. No Brasil, o custo médio de produção da soja é de US$ 190 por tonelada na propriedade. Quando chega ao porto, segundo o banco, o preço sobe para US$ 257. “Os dados do Banco Mundial mostram que é necessário reduzir os custos para buscarmos a competitividade. De nada adianta a produção aumentar se os produtores não conseguirem entregar seus produtos a um preço baixo”, disse o presidente da Codevasf.
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