O diretor do Departamento de Competitividade Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alexandre Comin, afirmou nesta terça-feira (30) que a indústria ligada ao setor ferroviário no Brasil está renascendo e que o Governo Federal tem feito uma movimentação importante nos últimos anos em direção a uma política nacional de mobilidade urbana, com aportes crescentes de recursos no setor.
“Observamos um renascimento da indústria e da produção de material ferroviário, assim como vimos também um renascimento da indústria naval. Um crescimento que não é linear, mas a tendência é positiva. Temos trabalhado para incentivar o desenvolvimento das cadeias produtivas como um todo”, disse, durante o Seminário “Ferrovias – Mobilidade Urbana, Transporte de Cargas e Indústria”, realizado em Brasília, no auditório do Ministério do Planejamento.
Comin citou o PAC Mobilidade como um dos instrumentos usados pelo Governo Federal para incentivar elos da cadeia produtiva onde o país já tem indústrias mais estabelecidas, caso de setores tradicionais como o metal-mecânico. A previsão de investimentos do PAC na construção de metrôs, monotrilhos, automóveis, trens urbanos, veículos leves sobre trilhos (VLTs), BRT (sigla em inglês para trânsito rápido de ônibus) e corredores de ônibus é de R$ 52 bilhões, valor ao qual se somam outros R$ 8 bilhões a serem investidos em 63 novos empreendimentos na área de mobilidade urbana selecionados neste ano.
Estão em andamento no país 15 obras de BRTs, 13 de corredores de ônibus, quatro metrôs, dois monotrilhos, um trem urbano e dois VLTs, que beneficiarão capitais e grandes cidades brasileiras como Belo Horizonte, Belém, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
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Também um dos palestrantes do seminário, o gerente da Área de Infraestrutura Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Henrique Malburg, ressaltou os critérios que o banco utiliza para aprovar os projetos de financiamento na área de mobilidade urbana. “Temos sido mais rigorosos nos projetos de transportes urbanos. Critérios como viabilidade econômica, ganho social, custo-benefício, redução de tempo de viagem, custos operacionais e redução de acidente são analisados”, afirmou.
Malburg explicou que essa mudança tem gerado projetos com maior qualidade. Ele ressaltou que há espaço para todos os tipos de tecnologia: ferroviário, terrestre, hídrico, elétrico e que a melhor definição de cada um depende das características especificas de cada cidade.
Panorama do setor de transportes urbanos
Também no seminário, o diretor da Associação Nacional das Transportadoras de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Fernando Solero, chamou a atenção para o baixo uso do sistema ferroviário para transporte de passageiros. “Temos apenas 11 estados que utilizam esse transporte”, disse. Mesmo com o número de linhas ativas, o setor transporte mais de 10 milhões de passageiros por dia, segundo Solero.
No último ano, conforme a ANPTrilhos, houve um aumento de 3% no tamanho da rede ferroviária no país, com 10% a mais no número de estações e 1 linha nova. Segundo analisou Solero, a dificuldade para expansão do sistema está na execução das obras. “Os projetos são mais delicados, abrangentes”, pontuou.
Para o presidente do Sindicato Interestadual da Industria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), José Antônio Fernandes Martins, os investimentos de R$ 133 bilhões anunciados pela presidenta da República, Dilma Rousseff, para os próximos anos no setor irão revolucionar a mobilidade urbana no país. “Esse volume é superior ao investimento da maioria dos países do mundo e trará um modelo moderno de ferrovias e rodovias para o Brasil”, assinalou.
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