Os portos de Vitória (ES), Santos (SP), Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC), por onde o Brasil escoa a maior parte de sua safra agrícola, estão operando no limite da sua capacidade, e na safra 2013/2014 devem apresentar os mesmos problemas da passada. “O país ficou muitos anos sem investimentos adequados e levará algum tempo até que os atuais planos governamentais produzam os resultados esperados. Ainda vamos ficar certo período recuperando o tempo perdido, até que se consiga uma infraestrutura que facilite o transporte”, afirma Daniel Furlan Amaral, gerente de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais – ABIOVE.
Amaral participou, nos dias 15 a 19 de julho, de missão organizada pelo Movimento Pró-Logística, de Mato Grosso, entidade que congrega instituições do setor produtivo daquele estado e atua em defesa da melhoria da infraestrutura logística do maior produtor de soja do País.
O propósito foi avaliar os gargalos nos portos e no seus acessos. Constituem gargalos nos portos o baixo calado por falta de dragagem regular e as demoras decorrentes de insuficiente equipe de inspeção fitossanitária. Gargalos de acesso aos portos são as vias de acesso rodoferroviárias. Ambos os gargalos afetam a exportação de granéis sólidos agrícolas – soja em grão, farelo de soja e milho, principalmente.
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“Os portos estão trabalhando com a capacidade máxima e precisam, de forma urgente, resolver os seus gargalos internos. O porto de Paranaguá, por exemplo, precisa fazer a dragagem do canal de acesso para receber navios de maior porte e não tornar a operação de carregamento nos navios tão dependente de fatores externos e ambientais, como as restrições impostas pelas marés baixas”, diz o gerente de economia da ABIOVE.
“Santos e Paranaguá precisam reduzir obstáculos burocráticos e de planejamento, ampliar instalações para a criação de novos berços e terminais. Alguns terminais requerem modernização para readequação da capacidade de equipamentos, mas como esses portos estão operando no limite, não é possível pararem enquanto se realizam as obras. Então, antes de recapacitar é preciso construir mais terminais. Não é possível fazer tudo ao mesmo tempo”, acrescenta Amaral.
Problema de acesso aos portos – Corrigir problemas de acesso aos portos é importante não só para melhorar condições de entrega de mercadorias, mas para evitar conflitos entre modais urbanos e de cargas, elevar a produtividade em matéria de recebimento de produtos e melhorar a capacidade de planejamento da logística de transportes.
Especificamente, sobre os problemas ocorridos na safra 2012/2013, Daniel Furlan Amaral comenta que o principal gargalo foi o acesso aos portos, o que prejudicou o recebimento de mercadorias e a rotina dos moradores que dependiam dessas rotas. Dentro dos portos, o principal gargalo tem sido a paralisação, por muitos anos, de obras de expansão dos terminais portuários, o que levou a um esgotamento da capacidade dessas instalações.
O que fazer? – Os problemas de infraestrutura e de logística são velhos conhecidos dos brasileiros. “O Brasil precisa fazer um pacto nacional para, de fato, resolver os seus problemas. É necessário melhorar a capacidade de execução dos planos que foram elaborados por meio de ações coordenadas e alinhadas entre os órgãos das três esferas de governo – federal, estadual e municipal -, para que não se criem obstáculos aos empreendimentos, sejam eles burocráticos ou de falta de pessoal. Pontos importantes são o estabelecimento de metas de curto e longo prazos e viabilizar a sua execução com pessoal e orçamento compatíveis”, salienta Amaral.
Portos mais competitivos – Sobre a pergunta “quais portos apresentam melhores condições de competitividade”, Amaral afirma que “são aqueles que conseguiram resolver melhor os problemas dentro do porto e de acesso até ele. Entre os portos brasileiros, Santos construiu instalações e condições de acesso por rodovias e ferrovias, apesar desses acessos ainda estarem longe do ideal. Assim, mesmo estando distante das regiões produtoras, acaba sendo o porto escolhido, pois no Norte do País não há infraestrutura nessas condições”, diz o gerente de economia da ABIOVE.
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