Quando um súbito surto nas exportações por contêineres da China em 2004 atropelou os portos na Califórnia, as companhias de navegação apressaram-se a buscar alternativas. Uma delas foi enviar mais produtos da Ásia via canal do Panamá diretamente para portos da costa leste dos EUA.
A questão, para as ferrovias americanas, principais concorrentes do canal ao norte, é se a expansão do canal produzirá outra grande mudança, para o leste, de produtos com destino nos EUA. Uma outra mudança adicional daria um impulso às grandes ferrovias do leste – CSX e Norfolk Southern – e, potencialmente, absorveria o tráfego da Union Pacific e da BNSF, que operam nos dois terços ocidentais do EUA.
Wick Moorman, executivo-chefe da NS, diz que os portos do Pacífico insistem em que haverá poucas mudanças, ao passo que os portos da costa leste estão prevendo uma transformação. Mas ele, como muitos no setor, diz haver “muitas variáveis em jogo” para que seja possível prever o efeito final do alargamento do canal. Mesmo assim, um deslocamento para o leste já é significativo.
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“Há dez anos, 65% dos contêineres sob gerenciamento logístico da NS vinha de uma estrada de ferro do oeste”, diz ele. “No ano passado, mais de 65% viram através de um porto da costa leste. Ambos têm crescido. É que o leste cresceu mais rápido”.
Matt Rose, presidente-executivo da BNSF, diz que ficaria “realmente surpreso” se houvesse mais uma grande mudança. “Esses navios estão ficando cada vez maiores”, diz ele. “Há um número limitado de portos que podem acomodar esses navios”.
Mas tanto Moorman como Rosa acreditam que suas empresas passarão por grandes mudanças mesmo que sua participação de mercado no tráfego de contêineres continue a ser aproximadamente o mesmo que o atual.
Moorman prevê que mais exportações de carvão dos EUA – grande parte das quais sob gestão logística da NS – poderia fluir a partir da costa leste dos EUA para a Ásia através do canal expandido. Rose prevê que novos movimentos de mercadorias a granel – inclusive grãos da de portos da costa do Golfo – para a Ásia.
Mas Rose insiste em que o futuro dos negócios de logística de sua empresa envolvendo contêineres permanece vigoroso. “Não vamos reduzir nossos investimentos em nossos negócios intermodais devido à nossa preocupação com o canal do Panamá”, diz ele.
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