Eficiência na produção é perdida no transporte

Às vésperas de o País atingir o pódio na produção e exportação mundial de soja e pela primeira vez desbancar os Estados Unidos, os agricultores brasileiros, especialmente os do Centro-Oeste, veem mais uma vez a riqueza do campo, obtida com ganhos invejáveis de produtividade, se perder entre a porteira da fazenda e o porto de exportação.


Uma saca de soja produzida no Mato Grosso chega ao Porto de Paranaguá (PR) ou Santos (SP) a um custo operacional, incluindo despesas com frete, de US$ 8,20. A mesma saca de soja produzida nos Estado de Illinois nos Estados Unidos e transportada em balsas pelo Rio Mississipi até o Golfo do México custa US$ 6,20.


“A nossa soja tem um custo operacional 20% superior ao grão produzido nos EUA, mesmo com produtividade maior”, afirma Nery Ribas, diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja -MT). Ele explica que o custo de transporte de uma tonelada do grão nos EUA é de US$ 20 por tonelada, em qualquer percurso. Já o custo do frete entre Mato Grosso e Santos e Paranaguá é de US$ 150 a tonelada no pico da safra. “O nosso gargalo continua sendo o mesmo: a falta de infraestrutura e não houve melhorias do ano passado para cá. Imagina você produzir mais soja sem porto, hidrovia e ferrovia?”


Na última safra, o Mato Grosso respondeu por quase 30% (23,6 milhões de toneladas) da produção nacional de soja, que foi de 82,1 milhões de toneladas. A produtividade média do Mato Grosso é de quase 3 mil quilos por hectare. “O Mato Grosso é de longe o Estado mais importante na produção de soja brasileira, com a vantagem de ter um clima bastante regular, em relação aos Estados do Sul e do Nordeste. Isso garante a produtividade elevada”, observa o diretor de Produção da consultoria Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez.


Para a próxima safra, que já começou a ser plantada no Centro-Oeste, a área do Mato Grosso deve crescer 5%, subindo para 8,7 milhões de hectares, segundo projeções do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). A expansão da área plantada ocorre sobre as áreas de pastagem. A expectativa é que produção de soja do Mato Grosso em 2014 atinja 25 milhões de toneladas, prevê o superintendente do Imea, Otávio Celidônio.


Latifúndio. “O produtor do Centro-Oeste é latifundiário por uma questão de sobrevivência”, afirma Celidonio. Ele explica que, para compensar as deficiências logísticas que encarecem o custo de produção da soja, mesmo com uma produtividade alta, os produtores do Mato Grosso têm de plantar uma área duas vezes maior em relação aos sojicultores do Paraná para manter as margens.


Na avaliação de Gutierrez, da Safras & Mercados, o grande problema da última safra foi uma grande produção de soja combinada com uma safra recorde de milho. “A grande oferta quase simultânea desses produtos entupiu nossos estradas e portos, que por si só são problemáticos”, diz o consultor.


Para a próxima safra, como a produção de milho, especialmente a safrinha que é colhida no segundo semestre, não deve ser tão grande por causa dos preços baixos, “a princípio, os problemas de logística tendem a não ser tão expressivos como em 2013. Mas claro que eles existirão”, observa Gutierrez.


Já para o superintendente do Imea, a situação do Centro-Oeste não é mais tranquila por causa da produção menor de milho. “Os armazéns estão cheio de milho”, diz Celidonio. Ele conta que, diante do baixo preço do milho, os produtores do Centro-Oeste não querem vender o grão. “O governo tem ajudado a escoar o produto, pagando um prêmio, mas o processo é lento.” Ele destaca que, apesar da ajuda, o setor quer ter boas estradas para escoar os grãos.


Transgênico garante sustentabilidade, afirma Monsanto


O diretor de marketing da empresa da Monsanto, Leonardo Bastos, apontou, no evento Fóruns Estadão Regiões sobre o Centro-Oeste, o papel dos transgênicos, introduzidos há 10 anos na agricultura brasileira. “Os transgênicos permitiram a redução do consumo de água, ativos químicos, óleo diesel e trouxeram sustentabilidade ao campo.”


A empresa de biotecnologia lançou este ano sua primeira tecnologia de soja desenvolvida exclusivamente para o Brasil, a Intacta RR2. Bastos reforçou que os transgênicos já respondem por quase 90% do plantio de soja no País e os benefícios proporcionados pela Intacta foram bem recebidos pela cadeia produtiva.


Para o presidente da Aprosoja-Brasil, Glauber Silveira, seria prudente o produtor semear pelo menos 20% da área de soja com sementes convencionais, a fim de evitar que pragas e doenças se tornem resistentes às tecnologias transgênicas. Hoje o cultivo de variedades convencionais ocupa cerca de 10% da área semeada.


Desatenção com infraestrutura causa prejuízo


A falta de infraestrutura de logística e de transportes resulta na ineficiência e na perda de competitividade, o que tem como consequência um efeito cascata de aumento de custos na cadeia produtiva. A opinião é do presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado.Estudos encomendados pelos setores produtivos da Região Centro-Oeste apontam que a falta de infraestrutura impacta em perdas de até 30% no lucro final do produtor.


Dados de associações de produtores da região apontam perdas entre 10% a 12% no pós- colheita por causa das péssimas situações das estradas e da falta de armazéns. Para eles, essa desatenção com o setor também trava o desenvolvimento do País e causa prejuízos em toda a cadeia produtiva. Estradas ruins causam prejuízos aos produtores e aos consumidores e o produto final que chega ao supermercado precisa ser mais barato para quem compra ao mesmo tempo que deve remunerar de forma justa quem produz.


A principal via de escoamento de grãos passa pela BR-163, que está saturada há décadas. “É um problema que se arrasta há mais de 25 anos”, diz o deputado federal Nilson Leitão (PSDB/MT). Para os produtores, a duplicação melhoraria em muito a condição da BR-163, mas também são necessárias outras ações como recapeamento e manutenção da rodovia até Santarém, no Pará.


O presidente da Famato afirma que o Estado tem condições de usar outros modais para desafogar o trânsito de caminhões e carretas nas estradas. Uma das melhores opções seria a hidrovia. Há investimentos em projetos da Hidrovia Teles Pires-Tapajós, Arinos-Juruena-Tapajós, Tocantins-Araguaia e Paraguai-Paraná. Só com a Teles Pires-Tapajós seria possível reduzir o custo do frete em 60%, levando a produção do Mato Grosso para os portos de Santarém e Miritituba no norte.


A chegada da malha ferroviária da Ferronorte até Rondonópolis, este ano, deve melhorar o escoamento da produção até o Porto de Santos. Os produtores esperam que novas obras saiam do papel, como a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) até Lucas do Rio Verde.

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