Reconstrução de ferrovia em Rio Preto está quase pronta

Já está quase concluída a reconstrução da linha férrea, interditada há uma semana por causa do descarrilamento que matou oito pessoas, em São José do Rio Preto (SP). As obras começaram depois que a concessionária se comprometeu a fazer reparos na ferrovia e apresentar garantias de que as famílias, que vivem perto da linha férrea não correm risco.


As equipes trabalharam durante todo o sábado (30). A linha férrea ganhou trilhos novos e já está quase pronta.  Em pouco tempo, a carga foi retirada para a remoção dos vagões. A reconstrução da ferrovia teve início depois de um acordo entre a América Latina Logistica, Defensoria Pública e representantes dos moradores do Jardim Conceição.


A concessionária se comprometeu a fazer reparos na sinalização e trocar todos os dormentes no trecho do acidente em até 90 dias. As composições não poderão ultrapassar 25 quilômetros por hora no perímetro urbano.


Peritos da Polícia Federal fizeram coleta de provas no local do descarrilamento. Eles percorreram quase 500 metros da ferrovia e analisaram o estado dos dormentes no local do descarrilamento. Em vários pontos o material está em mau estado de conservação e tudo foi documentado em fotos. Durante a tarde, os peritos fizeram vários testes na linha férrea, um deles foi para medir a resistência dos trilhos. Um equipamento hidráulico foi usado para ver quanta pressão aguentam os metais responsáveis para manter alinhados vagões com dezenas de toneladas.


Representantes do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes e da Agência Nacional de Transportes Terrestres também vistoriaram o local. A solução definitiva para evitar novas tragédias como a que matou oito pessoas e feriu outras sete em Rio Preto é a retirada da linha férrea da área urbana. Projeto para isso existe, mas nunca saiu do papel.


A obra que terá 26 quilômetros e meio de extensão e 12 viadutos tem custo estimado em R$ 300 milhões. O coordenador do Dnit afirmou que vai tentar captar o recurso para o trabalho começar nos próximos anos, mas sem data definida para o início.


Segundo a Defensoria Pública, um termo de ajustamento de conduta foi assinado pela ALL e por representantes dos moradores do bairro onde aconteceu o acidente. Os moradores se comprometeram a não interromper os trabalhos desde que a concessionária troque todos os dormentes do trecho do descarrilamento.


As autoridades que avaliaram as condições da linha participaram da audiência pública na Câmara, nesta sexta-feira (29). Os mesmos agentes federais que acusam a concessionária de descumprir a lei não conseguem explicar por que não observaram isso e puniram a empresa antes que uma tragédia acontecesse.


As explicações dadas pelo representante da ANTT causaram indignação. Nelson Mariano foi primeiro representante de Brasília a chegar a Rio Preto depois da tragédia. Ele afirmou que no trecho onde ocorreu o acidente havia restrições de operação. Mesmo assim ele não soube explicar porque a concessionária continuava operando de maneira irregular no trecho urbano. Esse acidente, certamente, na origem, está o descumprimento de regras de algumas regras. Quais são o que será apurado. Não foi por falta de exigência de cumprimento de regras, foi por descumprimento”, alegou Nelson Marinho.


O coordenador de obras da ANTT disse ainda que a malha de Rio Preto foi vistoriada em junho deste ano e que nenhuma precariedade foi constatada. As explicações não convenceram os moradores que vivem próximo à linha férrea.


Assim como fizeram no Jardim Conceição, no plenário da Câmara protestaram de maneira pacífica e silenciosa pelo fim da circulação de trens na área urbana. Representantes da ALL também foram sabatinados durante audiência. A concessionária nega que as composições estavam sendo operadas de forma irregular.


O diretor de Departamento Ferroviário do Dnit adiantou que já existe um projeto para a transposição da linha férrea para fora do perímetro urbano, mas que o projeto barra em burocracia como falta de acesso a áreas incluídas no projeto por causa da proibição dos proprietários e licenças ambientais. “São 26 quilômetros de contornos rodoviários. É um projeto que tem que ser discutido com bastante precisão. Todos os estudos para partir para o desenvolvimento deste projeto estão concluídos. O que vamos fazer daqui para frente é o detalhamento do projeto básico e executivo. O cronograma prevê que nos próximos sete meses estar com o projeto pronto. A partir disso, há uma licença para a obra. O custo dessa obra será de R$ 300 mil”, explicou Marcelo Chagas, coordenador de obras do Dnit.


Vagões parados


Enquanto isso o trecho de uma das mais importantes ferrovias do país continua interrompido. Dez composições, com cerca de 800 vagões, estão paradas na região. Os reparos na linha dependem agora de ações que tramitam na Justiça. Todos carregados com milhões de toneladas de milho, soja, açúcar e combustível.


A ferrovia que atravessa o noroeste paulista é uma das mais importantes do país. Por ela são transportados produtos do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo até o porto de Santos.


Em Rio Preto cinco composições estão paradas. No distrito de Engenheiro Schimitt (SP) está a parte da frente da composição do acidente. Em Uchoa (SP) há mais um trem no meio da linha e outros três em Votuporanga (SP).


Depois que moradores impediram a ação de funcionários da ALL na linha férrea, a empresa entrou com uma ação na Justiça para que fosse garantida a segurança dos operários. A concessionária pretende substituir trilhos e dormentes, para que o trem volte a passar. A Polícia Civil já colheu todo material necessário. O laudo deve ficar pronto só no fim do mês que vem. O relatório da Polícia Federal, que também investiga o caso, vai demorar ainda mais.


Nesta quinta-feira (28), o promotor Sergio Clementino se reuniu com peritos para acompanhar o andamento das investigações. Enquanto o impasse não é resolvido, moradores, que vivem ao lado do local do descarrilamento, estão deixando as casas.


Relembre o caso


O descarrilamento de vagões aconteceu na área urbana de Rio Preto no domingo (24) e é considerado o pior acidente ferroviário da cidade. A composição, formada por nove vagões carregados com quase 1000 toneladas de milho, saiu dos trilhos e atingiu duas casas que ficam ao lado da linha. Cinco casas foram interditadas no entorno do local. Oito pessoas morreram e sete ficaram feridos. Entre os mortos estão duas crianças (de 2 e 6 anos) , quatro mulheres e dois homens.


O resgate às vítimas durou toda madrugada e se extendeu na segunda-feira (25), acompanhado de muitos protestos. Inicialmente, a empresa afirmou que uma análise preliminar indica que o trem trafegava a uma velocidade adequada.  Mas na quarta-feira (27) a ANTT confirmou por meio da assessoria de imprensa que a velocidade do trem no trecho do acidente deveria ser de no máximo 25 km/h . Isto porque é uma passagem de nível e em locais assim, por conta do risco, a velocidade estabelecida é menor que a outros trechos de área urbana, onde a velocidade pode chegar a 50 km/h. como o perito da Polícia Civil adiantou no dia do acidente, a velocidade era de 44 km/h, portanto 76%  maior que o limite estabelecido.


A polícia criminal levantou a possibilidade de falha no freio, mas uma sindicância foi aberta para investigar as causas do acidente. A Defensoria Pública de Rio Preto também acompanha o caso e quer garantir que as famílias recebem assistência e informou que a empresa está fazendo a parte dela, prestando assistências às famílias.


As famílias que tiveram as casas destruídas estão em imóveis alugados pela empresa.  O defensor disse que será criada uma câmara de conciliação para ajudar nos acordos e pagamentos de indenizações de maneira mais rápida. A ALL também foi notificada e terá de informar quais dos itens acordados com o Ministério P

Fonte: G1 Rio Preto e Araçatuba

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*