Obra mais cara e mais complexa do pacote de mobilidade urbana da Copa de 2014 em Cuiabá, a instalação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) como novo sistema de transporte coletivo da região metropolitana tem potencial para desafogar o trânsito de veículos particulares, reduzindo sua quantidade em até 12%.
A expectativa é da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), responsável pela contratação do novo modal, avaliado em mais de R$ 1,477 bilhão.
De acordo com o engenheiro Rafael Detoni, que supervisiona as obras do pacote de mobilidade urbana, a expectativa por uma redução no número de veículos particulares em circulação tem como lógica a ideia de que o novo sistema – de deslocamento mais rápido e com maior conforto que o oferecido pelos ônibus atuais – deverá atrair usuários que, hoje, obtêm mais facilidade deslocando-se com veículos particulares.
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Quando a cidade ainda tinha o Bus Rapid Transit (BRT) como grande projeto de mobilidade (o modelo acabou sendo substituído pelo VLT), foram coletados dados sobre o impacto deste tipo de modal em outras cidades do país. Constatou-se que o BRT – que consiste basicamente na implantação de corredores exclusivos para ônibus – chegou a provocar, na rotina da cidade, uma migração dos antigos usuários de veículos particulares para o novo sistema de transporte coletivo.
Menos veículos, mais usuários
A redução no número de veículos particulares, que também pode ser entendida no caso como um aumento na demanda pelo transporte coletivo, foi na faixa de 10 a 12%.
“Qualquer melhoria que você faça no sistema de transporte coletivo, qualquer atratividade que você dê ao transporte coletivo – seja na forma de corredor exclusivo, melhoria nos pontos de parada ou nos veículos – gera um incremento de demanda dessa natureza”, resume Detoni, lembrando que, como não há experiências de instalação de VLT urbano como o de Cuiabá, a Secopa se baseia nas projeções obtidas pelas experiências com BRT. Cuiabá, portanto, pode ser considerada um laboratório de políticas de mobilidade urbana.
Em 2005, uma pesquisa de engenharia de tráfego encomendada pelo município e pelo estado constatou que 41% dos deslocamentos na região metropolitana eram realizados por meio do transporte coletivo, 22% por transporte privado e os outros 37%, a pé ou por veículos não motorizados, como bicicletas. A expecatativa é que dez anos depois, em 2015, o mesmo tipo de pesquisa constate um aumento na proporção de deslocamentos por meio de transporte coletivo, explica o egenheiro.
Ele recorda que a mesma pesquisa foi responsável por basear o desenho do BRT e do modelo agora adotado, o VLT, prevendo dois grandes “troncos” na malha urbana – no caso, os eixos entre a região do CPA e o Aeroporto Marechal Rondon (em Várzea Grande, região metropolitana da capital) e entre o centro de Cuiabá e a região do Coxipó.
Obras
Apontadas como atrasadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), as obras de implantação do VLT em Cuiabá e Várzea Grande estão passando por uma reformulação de cronograma por parte da Secopa, mas nenhuma nova data de entrega do projeto concluído foi até agora divulgada em caráter oficial.
A primeira composição do veículo já foi entregue e se encontra em Várzea Grande, no local onde será construído o centro de controle do novo sistema, perto do Aeroporto Marechal Rondon. Informalmente, contudo, o governador Silval Barbosa (PMDB) já admitiu a possibilidade de não entregar a totalidade do projeto até a Copa do Mundo de 2014. Em sua última visita a Cuiabá, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, também afirmou ser improvável o cumprimento de todas as etapas dentro do prazo contratual – março do ano que vem.
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