Apesar de possuir um diferencial competitivo em relação a outros estados, que é a sua hidrovia, o Rio Grande do Sul possui um custo logístico maior do que a média nacional. Conforme dados da Secretaria de Infraestrutura e Logística (Seinfra), o custo logístico gaúcho corresponde a 17,9% do valor das cargas transportadas, contra 14% do Brasil. Nos Estados Unidos, esse percentual chega a cair para 6,5%.
Uma das apostas do governo para mudar esse cenário foi lançada nessa quinta-feira: o Plano Estadual de Logística de Transportes (Pelt). O secretário de Infraestrutura e Logística, João Victor Domingues, espera que o trabalho, que será desenvolvido em um prazo de 16 meses, indique soluções para essa questão. O dirigente acredita que uma melhor utilização dos modais hidroviário e ferroviário poderá contribuir para que seja alcançado esse objetivo.
Atualmente, 85,3% do sistema logístico gaúcho é rodoviário; 8,8% é ferroviário; a hidrovia absorve 3,6%; o transporte de produtos com óleo e gás natural por dutos ocupa 2,1%; e apenas 0,2% corresponde ao modal aeroviário. Durante a divulgação do Pelt, foi mencionado que essa safra de grãos fez com que cerca de 500 mil caminhões fossem deslocados até o porto do Rio Grande.
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O estudo, além de prever o diagnóstico dos cenários atual e futuro, pretende priorizar a integração intermodal e o equilíbrio entre os modais. O coordenador da elaboração do plano, Luiz Afonso Senna, considera que o ideal seria a representatividade do rodoviário baixar para algo como 56% a 57%. A participação do especialista no levantamento foi destacada por Domingues, devido a sua experiência. Senna é professor das disciplinas de Economia dos Transportes e de Transporte Público, pela Ufrgs, assim como ex-diretor-presidente da EPTC e ex-Secretário Municipal de Mobilidade Urbana de Porto Alegre.
O consórcio que venceu a licitação para realizar o Pelt é formado pelas empresas STE, SD e Dynatech. A pesquisa conta com o financiamento do Banco Mundial de aproximadamente R$ 8 milhões. O plano divide-se em curto, médio e longo prazo, abrangendo horizontes de cinco, dez, 15 e 25 anos e será “realimentado” a partir da mudança da realidade local. Esses dados serão atualizados, futuramente, por integrantes da Secretaria de Infraestrutura e Logística.
A análise deverá indicar ainda o perfil geral dos transportadores e os gargalos logísticos do Estado, estimativa de quantidade de cargas movimentadas e épocas desses transportes. Domingues ressalta que se trata de uma importante ferramenta para traçar as políticas e estratégias do Rio Grande do Sul. Além de diminuir o custo do transporte, a meta é possibilitar uma vazão mais rápida à logística gaúcha. “Vai nos dar respostas como: que estradas precisamos duplicar, como utilizar melhor as hidrovias, entre outras”, explica o secretário. O levantamento também irá aproveitar trabalhos já realizados, como a Agenda 2020 e o Sul Competitivo.
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