Os acionistas da concessionária de ferrovias América Latina Logística (ALL) se reúnem hoje em assembleia geral extraordinária, em Curitiba (PR), para decidir se aceitam ou não a proposta de fusão da companhia com a Rumo (braço de transportes do grupo de origem sucroalcooleira Cosan). O mercado espera a aprovação do negócio.
Antes vista com reticências por investidores da ALL, a entrada da Cosan no controle da ALL é hoje considerada positiva. São dois os motivos principais para essa mudança na percepção do mercado.
O primeiro deles é que a fusão acabaria com a briga judicial envolvendo as duas companhias, que surgiu no fim do ano passado e que poderia resultar em multas a serem pagas pela ALL à Rumo. Na primeira tentativa de entrada da Cosan no controle da ALL, feita no início de 2012 e abandonada em agosto de 2013, o mercado não tinha o cenário da disputa. Segundo as empresas, caso haja a fusão, o litígio deixa de existir.
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Para um analista que não quis ser identificado, o negócio com a Rumo não é “o melhor dos mundos” para a ALL. Apesar de acreditar que o benefício maior seja da Cosan, a solução é a “melhor possível” para a ALL diante da briga judicial, afirmou.
O segundo motivo para a melhoria de percepção é que a ALL ganharia um controle mais forte, o que pode melhorar tanto seus indicadores financeiros como seu relacionamento com o governo. O novo acordo de acionistas será composto por Cosan, TPG, Gávea e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Juntos, passarão a deter cerca de 44% do capital da companhia.
“Nós vemos esse grupo transmitindo confiança aos investidores, já que os participantes têm maior poder de negociações com o governo em futuras renovações de concessões”, afirma a equipe do analista Daniel Utsch, do Banco Fator, em relatório.
Karina Freitas, analista do banco Concórdia, acredita que a fusão “limpa” a análise sobre a ALL de discussões societárias e de incertezas em relação ao litígio com a Rumo. Mas ainda levanta pontos de dúvidas. “A maior preocupação é uma priorização da carga de açúcar na ferrovia, em detrimento das demais culturas. Esse tipo de carga tem uma tarifa menor, leva mais tempo para transitar e pode pressionar o negócio ferroviário da ALL”, afirma.
A diretoria da ALL se posicionou aos investidores defendendo que a operação será vantajosa para os acionistas de ambas as companhias, pois “permitirá a captura de sinergias e otimização da utilização de ativos ferroviários e portuários (…), bem como a realização de investimentos que levarão a malha ferroviária a um melhor aproveitamento da capacidade”.
Os acionistas controladores, no dia 15 de abril, já aprovaram o negócio, referendado pelos conselhos de administração e fiscal. A ALL recomenda aos minoritários a aprovação da operação.
A assembleia será às 16h em Curitiba, onde fica a sede da ALL. Nesse caso, a aprovação do negócio depende de maioria simples dos acionistas, ou seja, 50% mais uma ação da concessionária. Caso seja aprovada a operação pelos acionistas, o negócio ainda exigirá aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da ANTT, agência reguladora do setor. Somente aí, a ALL fica liberada para ser incorporada pela Rumo.
Pela proposta, os atuais acionistas da ALL passam a ter 63,5% do capital da nova companhia (ALL-Rumo). Os acionistas da Rumo (Cosan, TPG e Gávea) ficarão com 36,5% das ações. Dos 17 membros do conselho de administração, nove serão eleitos pela Cosan.
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