Mesmo diante da demanda fraca e abaixo da registrada no ano passado, a norte-americana Caterpillar, instalada em Sete Lagoas (região Central), mantém o plano de produzir novos modelos de locomotiva. Atualmente, a fábrica mineira produz uma máquina diesel-elétrica, de bitola estreita e de corrente alternada, inédita no Brasil.
“É um período de baixa, mas decidimos manter os investimentos para fabricar novos modelos, independentemente do momento. A locomotiva diesel-elétrica já está saindo da nossa linha e uma nova máquina deve começar a ser produzida entre setembro e outubro”, adiantou o diretor-geral da Progress Rail Services (PRS) no Brasil, braço do setor ferroviário da Caterpillar, Carlos Roso, sem informar o valor dos aportes.
Roso afirmou ainda que as negociações da empresa com grandes players do setor, como a GE Transportation, com planta em Contagem, Randon, AmstedMaxion e a própria Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), com o governo federal, com o objetivo de criar e colocar em prática um plano de renovação da frota nacional de locomotivas e vagões, “está caminhando”.
A fraca demanda e a demora em tirar do papel o pacote de investimentos de R$ 91 bilhões na construção de 10 mil quilômetros de trilhos – anunciado pelo governo federal em agosto de 2012 – levaram a Caterpillar e os outros players do setor a pleitear junto ao Executivo o plano de renovação da frota. A estratégia seria uma forma de aquecer as indústrias do segmento e garantir negócios no longo prazo.
“ um pleito que leva tempo. Ele já foi discutido no âmbito do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e do Ministério dos Transportes. Há cerca de um mês, também nos reunimos com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que também participaria do projeto. O assunto está evoluindo melhor do que se esperava. Mas falar se o plano vai sair ou não agora é complicado, em função de ser um ano eleitoral”, explicou Roso.
De acordo com o diretor da multinacional, a renovação da frota brasileira de locomotivas e vagões daria maior estabilidade e visão de longo prazo para as indústrias do setor, que teriam condições de manter suas operações em níveis satisfatórios por um prazo de tempo maior.
Estima-se que cerca de 600 locomotivas novas seriam capazes de substituir a frota atual, próxima de 1,7 mil máquinas, porque os modelos modernos têm maior capacidade de transporte de carga. Isso garantiria uma demanda anual da ordem de 100 equipamentos, o que daria uma visão de longo prazo e a manutenção da capacidade de investimentos e desenvolvimento de novas tecnologias das fabricantes do setor.
Ainda segundo Roso, “também deve ser levado em consideração o fato de os modelos novos terem maior eficiência energética, consumirem menos combustível e emitirem menos poluentes. As locomotivas novas, comparadas a caminhões, por exemplo, consomem cerca de 15% menos combustível que uma caminhão”, exemplifica.
Outro fator que poderia impulsionar a demanda do setor é o pacote de investimentos na construção de 10 mil quilômetros de ferrovias, anunciado pelo governo federal em agosto de 2012, mas que ainda não saiu do papel e não tem previsão de ser colocado em prática.
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