O governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou ontem a indicação de Saulo de Castro Abreu Filho para a recém-criada Secretaria de Governo, que cuidará dos principais projetos da gestão. Com status de superssecretário, Saulo terá como missão acelerar a entrega de obras do governo tucano no Estado, marcadas pelo atraso sobretudo na área de infraestrutura. Alckmin quer criar marcas para seu quarto mandato em São Paulo, de olho em uma futura disputa presidencial em 2018.
Atual responsável pela Casa Civil, Saulo terá função estratégica no governo. O secretário cuidará não só do cronograma de execução de obras e projetos, mas também dos recursos envolvendo grandes obras, com o monitoramento do valor dos contratos. A pasta ficará responsável também por captar recursos e fazer parcerias com a iniciativa privada, para aumentar os investimentos no Estado. A Unidade de Parceria Público-Privada, que atualmente é administrada pela Secretaria de Planejamento, irá para a Secretaria de Governo.
Saulo cuidará de duas agências importantes para o governo, especialmente por conta do montante de recursos que acompanham: a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) e a Agência Reguladora de Saneamento e Energia (Arsesp).
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Além de gerenciar obras e investimentos milionários, Saulo será o responsável pela investigação de denúncias de irregularidades na gestão. A Corregedoria Geral da Administração ficará sob a responsabilidade da pasta.
Entre tucanos, o secretário é tido como uma opção que está sendo construída pelo governador para sucedê-lo na gestão, na disputa pelo governo paulista em 2018. O titular da nova secretaria é um dos nomes mais próximos ao governador desde seu primeiro mandato, em 2002 (ver mais nesta página).
Ao justificar a criação da pasta e a escolha do secretário, Alckmin disse que é momento de ter mais eficiência na entrega de obras e no cumprimento de políticas públicas.
Saulo disse que pretende dar um norte nas prioridades do governo e desconversou sobre a demora na entrega de grandes obras no Estado, como as estações e linhas do metrô e da CPTM. A questão não é de atraso. Às vezes o tempo gasto foi maior do que se desejava, disse, em entrevista no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
O secretário deixou claro que na área de Transporte Metropolitano, que cuida do metrô e da CPTM, não falta dinheiro, sinalizando que o problema é de gestão. É a secretaria que mais investimento tem. Recurso não falta. O dinheiro está aí, esperando. É para gastar, para colocar na obra, afirmou. O novo secretário disse que vai olhar projeto por projeto para ver o motivo da demora na execução das obras. A Secretaria de Governo terá duas subsecretarias: Ações Estratégicas e Parcerias e Inovações.
Apesar da criação da pasta, Alckmin disse que não pretende aumentar a estrutura da gestão e anunciou a extinção da Secretaria de Gestão, que terá suas atribuições repassadas às secretarias de Governo e de Planejamento. O governador afirmou ainda que pretende reduzir o custeio da máquina pública, mas não explicou como nem qual será a meta de cortes.
A Casa Civil, que hoje tem Saulo como secretário, ficará responsável pela articulação política do governo. O nome mais cotado para o cargo é do ex-secretário e coordenador da campanha de Alckmin, Edson Aparecido (PSDB).
Saulo foi o terceiro nome anunciado publicamente por Alckmin para o mandato que se inicia em 2015. Na semana passada o governador indicou o economista Renato Villela para a Secretaria da Fazenda e Benedi- to Braga para Recursos Hídricos.
O novo titular da Fazenda foi adjunto de Joaquim Levy, futuro ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff, no governo estadual do Rio de Janeiro. Levy foi secretário da Fazenda da gestão de Sérgio Cabral (PMDB). Em 2010, com a saída de Levy, Villela assumiu a pasta. O economista, que assumirá no lugar de Andrea Calabi, foi diretor adjunto do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), secretário adjunto do Tesouro Nacional e subsecretário de Fazenda da Prefeitura do Rio na gestão de Cesar Maia (DEM).
O responsável por administrar a pior crise hídrica já enfrentada pelo Estado é presidente do Conselho Mundial de Águas. Braga é engenheiro civil e professor da USP.
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