Um ano após a inauguração, nenhuma viagem com carga foi realizada no trecho da Ferrovia Norte-Sul entre Palmas, no Tocantins, e Anápolis, em Goiás. Segundo a responsável pela obra, a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A, para que a ferrovia comece a operar, empresas privadas precisam construir ramais de carga e descarga de produtos, o que ainda está em curso.
Uma das obras que ainda são realizadas é a de uma empresa de processamento de grãos. A estrutura, chamada tulha, tem 20 bocas e poderá escoar até mil toneladas de grãos por hora. A expectativa é de que o primeiro carregamento ocorra nos próximos meses.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Outra empresa interessada em construir ramais de carga e descarga planeja investimento de R$ 15 milhões para utilizar a ferrovia. O objetivo inicial é fazer três viagens por semana para exportar produtos pelo porto de Itaqui, em São Luiz do Maranhão. O empresário responsável afirma que a obra ainda não saiu do papel porque tem dificuldades em fechar negócio com uma empresa que vai executar o transporte.
Se já tivesse operando na ferrovia, ele acredita que conseguiria baixar os custos de produção. “Anápolis já está perdendo, o país está perdendo, porque nesse momento de crise a ferrovia é uma grande solução, principalmente para indústria, para o comércio e o atacado. Nesse momento, está todo mundo fazendo arrocho, uma reengenharia financeira, tributária e uma reengenharia de logística, para baixar custos” opina o empresário Edson Tavares.
Ferrovia
O trecho tem 855 quilômetros de trilhos e foi inaugurado pela presidente Dilma Rousseff em 22 de maio do ano passado. Segundo a Valec, a ferrovia está totalmente apta para operar. “Toda sinalizada, com licença de operação comercial liberada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), então, a ferrovia está apta a operar a qualquer momento”, afirma o gerente regional da Valec, Charles Magno Nogueira.
As obras duraram 25 anos e denúncias de irregularidades marcam a construção. Em julho de 2013, o ex-presidente da Valec Juquinha das Neves foi preso na Operação Trem Pagador da Polícia Federal, sob suspeita de superfaturamento e desvio de verbas. Um novo presidente assumiu a empresa e pediu mais R$ 400 milhões ao governo federal para andamento dos trabalhos.
Devido à demora da obra, a Valec não soube precisar quanto de dinheiro foi gasto, no entanto, estima-se que R$ 8 bilhões. O prejuízo com cargas que deixam de ser transportadas, perdas e impostos não arrecadados pode chegar a US$ 12 bilhões por ano, segundo a Valec. Com o uso da ferrovia, empresários de Anápolis esperam reduzir o valor pago no frente em até 30%.
Seja o primeiro a comentar