O Brasil precisa aumentar em oito vezes seus investimentos em linhas de metrô, trem e corredores de ônibus para que, daqui a 12 anos, a rede de transporte público das maiores regiões urbanas seja de qualidade e compatível com a demanda existente.
A conta foi feita pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) –que, pela primeira vez, fez a radiografia do deficit de mobilidade urbana nas 15 maiores regiões metropolitanas.
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O estudo aponta a necessidade de investir mais de R$ 234 bilhões, quase cinco vezes as despesas anuais da capital paulista em todas as áreas, inclusive com servidores.
Somente na Grande São Paulo, seria preciso R$ 83,5 bilhões, dos quais R$ 56 bilhões exclusivamente para tirar do papel 93 km de metrô.
Conforme revelou a Folha no mês passado, nas últimas duas décadas, houve gastos do Estado de R$ 30 bilhões na expansão do metrô paulista –que tem uma rede de 78 km e outros 65 km em obras.
No ritmo histórico de investimentos, levaria quase quatro décadas para que a cidade tivesse um sistema de dimensões adequadas.
O BNDES aponta que, de 1995 a 2013, a mobilidade urbana teve investimentos anuais de 0,05% do PIB -em todas as esferas de governo.
Ele considera ser necessário construir uma malha de 1.633 km de trilhos e corredores nas grandes cidades. Para tirar isso do papel, a taxa de investimento deveria subir para 0,4% do PIB.
O consultor Claudio Frischtak avalia que, “com ajuste fiscal e empreiteiras enroladas na Lava Jato [operação da PF], isso parece impensável”.
O BNDES considerou nos cálculos um método que avalia densidade habitacional de cada região, tipo de transporte ideal em cada e malha existente ou em implantação.
O estudo não indica os trajetos a serem criados.
Rodolfo Torres, um dos autores do trabalho do BNDES, diz que, se os investimentos necessários fossem realizados, as regiões seriam atendidas por transportes compatíveis com a demanda.
“Isto significa que as regiões onde há necessidade de metrô terão padrão de atendimento de metrô e não serão mais atendidas apenas por ônibus, vans ou automóveis, que são menos eficientes, geram mais congestionamentos, acidentes e poluição.”
Dario Lopes, secretário de mobilidade do Ministério das Cidades, diz que os investimentos em transporte coordenados pela União já somam R$ 154 bilhões.
Ele afirma que a pasta estimula os Estados e as prefeituras a buscarem novos modelos definanciamento.
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