Passinho pra cá, passinho pra lá. Anda devagarinho, para, anda de novo. Arruma a bolsa, olha a tela do celular. Esbarra na pessoa da frente, encosta na pessoa de trás.
Quem usa a ligação entre as estações Paulista e Consolação do metrô paulista sabe como é um sufoco andar por aquele túnel na hora do rush.
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São tantas pessoas tentando passar pela ligação de 195 metros entre as linhas 4-amarela e 2-verde que esse caminho já foi apelidado por usuários de “marcha dos pinguins” -ave de pernas curtas e andar desengonçado que já foi citada até por um ex-presidente do Metrô para se referir a uma estação superlotada.
Para contornar esse aperto na ligação projetada para receber 263 mil pessoas por dia e que opera no limite desde a inauguração da estação Paulista, em 2010, engenheiros do Metrô concluíram que será preciso um novo túnel.
Por isso, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos do governo Alckmin (PSDB) decidiu autorizar a concessionária ViaQuatro, que opera a linha 4-amarela, a preparar um projeto básico dessa obra, segundo a Folha apurou.
A decisão saiu após estudo que analisou 12 alternativas. A opção escolhida foi a construção de um novo túnel embaixo do atual, para deixar cada um com sentido único.
Dessa forma, a nova ligação será usada pelos passageiros que saem da estação Paulista e vão para a Consolação. Pelo projeto preliminar, esse novo túnel será conectado ao atual um pouco antes do início das esteiras.
Quem estiver indo para a avenida Paulista usará uma nova saída -segundo técnicos, cerca de 10% das pessoas usam esse túnel só por conveniência, pois não fazem integração com a linha 2-verde.
Já quem seguir para embarcar continuará pelas esteiras.
A intervenção deve demorar ao menos dois anos para ficar pronta depois que começar -ainda não há data de início porque, embora tenha dado aval ao projeto, a gestão tucana ainda estuda se será o próprio Estado ou a concessionária quem vai cuidar da execução da obra.
Mesmo que decida pela empresa, o governo terá que reembolsá-la de algum modo depois, pois é um custo não previsto no contrato.
A intenção de alterar a ligação chegou a ser anunciada pelo Metrô em 2013, com custo estimado, à época, em R$ 25 milhões e previsão de abertura até o final de 2015.
‘NÃO TEM JEITO’
Em 2013, um problema em uma esteira chegou a deixar 20 feridos e causar tumulto entre os passageiros.
“Nossa, é muito lotado isso aqui, o fluxo é intenso o dia todo. Mesmo depois das 22h, quando volto para casa, fica cheio com o pessoal que sai da faculdade”, diz a bancária Gláucia Fernanda, 28.
“Eu até mudo o horário para não ter que passar no túnel, espero ficar mais vazio. Das 17h30 às 18h30 é o inferno, então eu fico de boa e só volto para casa mais tarde. Acho que a solução é fazerem outro túnel mesmo, não tem jeito”, afirma o estudante Renan de Oliveira, 17.
Além do novo túnel, também deve ser autorizada em breve uma outra saída da estação Paulista pela rua Bela Cintra -que chegou a ser anunciada para 2014.
A avaliação dos técnicos é que ela pode atender uma parte dos usuários do túnel, mas será insuficiente para resolver a superlotação.
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