Em mais uma demonstração da demanda dos investidores por aplicações com benefício fiscal, a mineradora Vale fechou uma captação de R$ 1,35 bilhão com uma oferta de debêntures de infraestrutura, apurou o Valor. Com a venda dos lotes suplementar e adicional, colocados quando há excesso de procura pelos papéis, o volume da emissão ficou acima do inicialmente definido pela companhia, de R$ 1 bilhão.
As debêntures de infraestrutura possuem isenção de imposto de renda para pessoas físicas e investidores estrangeiros. Mas a operação foi destinada principalmente ao público de varejo no país. A demanda total teria chegado a R$ 3 bilhões, segundo uma fonte. Procurada, a Vale não comentou o assunto.
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Diante da procura, a empresa conseguiu reduzir o custo da dívida. As debêntures saíram com uma taxa de juros ao redor de 0,50 ponto percentual abaixo dos títulos públicos federais corrigidos pela inflação (Tesouro IPCA). Os papéis foram emitidos em duas séries, com prazos de cinco e sete anos. Originalmente, a empresa havia proposto um deságio 0,05 ponto percentual sobre o Tesouro IPCA na primeira série e uma taxa equivalente à do título público na segunda.
Apesar da queda na taxa, a remuneração final para o investidor será mais alta do que a do título público em razão da isenção de imposto das debêntures. Mas aproximadamente metade do ganho fiscal acabou “dividido” com a Vale, nos cálculos de uma fonte.
A mineradora pretende usar os recursos captados com as debêntures para financiar a expansão da estrada de ferro Carajás, no Pará. O investimento total na malha de 796 quilômetros de extensão é estimado em R$ 11,8 bilhões. A ferrovia terá capacidade de transportar 230 milhões de toneladas por ano de minerais metálicos. A emissão de debêntures de infraestrutura contou com aprovação do Ministério dos Transportes. A oferta foi coordenada por Banco do Brasil, Bradesco BBI e Itaú BBA.
A Vale foi a primeira de uma série de empresas que pretendem fechar captações de recursos no mercado local nos próximos dois meses. Incluindo a emissão da mineradora, as ofertas devem movimentar até R$ 8,5 bilhões. A maior operação será a da Petrobras, que pretende captar pelo menos R$ 3 bilhões em uma oferta de debêntures prevista para outubro.
Assim como a oferta da Vale, a maior parte das operações contará com títulos isentos de imposto para pessoas físicas, incluindo debêntures de infraestrutura e certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e do agronegócio (CRA). A fila de emissões a serem fechadas nas próximas semanas inclui a empresa de shoppings Iguatemi, a produtora de alimentos BRF, a concessionária de rodovias CCR Autoban, a EDP Energias do Brasil e a empresa de logística JSL.
A lista de emissores inclui ainda a Comgás, mas a operação deve atrasar, segundo uma fonte com conhecimento do assunto. A empresa pediu o adiamento da análise de uma oferta de R$ 500 milhões em debêntures. A operação da empresa de distribuição de gás será a primeira vinculada à nova política de financiamento do BNDES, que vincula uma maior concessão de crédito a juros atrelados à TJLP à captação de recursos no mercado de capitais.
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