Porto do Açu entra em nova etapa

O Porto do Açu, da Prumo Logística, no litoral norte do Rio de Janeiro, está entrando em uma nova etapa marcada pelo término da primeira fase de obras e pela diversificação de cargas. Depois do minério de ferro, produto que serviu de âncora para o porto se desenvolver, o Açu vai começar a movimentar petróleo e já opera bauxita, além de prestar serviços de apoio marítimo às plataformas na Bacia de Campos (RJ). Esse novo ciclo irá se intensificar a partir de 2016, quando mais empresas vão entrar em operação no Açu, permitindo à Prumo aumentar a geração de caixa enquanto reduz os investimentos, uma vez que boa parte dos projetos de infraestrutura do porto estarão implantados.

O Açu entra agora em período com foco mais comercial, de atração de clientes. O shopping está pronto e agora estamos esperando receber as lojas, brinca Eduardo Parente, presidente da Prumo Logística. Controlada pela americana EIG, a Prumo é a dona do Açu, projeto idealizado por Eike Batista. Após sucessivos aumentos de capital que garantiram à EIG fatia de 74,3%, Eike foi diluído e tem 0,26% das ações da Prumo, embora não participe mais da gestão desde a entrada dos americanos, em 2013.

Este ano a Prumo deverá ter receita superior aos R$ 500 milhões, considerando um contrato firme para embarque de minério de ferro produzido pela Anglo American em Minas Gerais e o aluguel de áreas para diferentes empresas. Só o contrato do minério rende à Prumo US$ 100 milhões anuais. O aluguel de áreas para os clientes gera hoje R$ 125 milhões por ano. Há nove empresas no Açu, parte delas operacionais, caso de Wärtsila, Technip, NOV e Intermoor, além do Terminal Multicargas (Tmult), da própria Prumo, todas no terminal 2 do porto, dedicado à prestação de serviços à indústria de petróleo. Este ano mais de 100 navios já atracaram no Açu, entre atividades de minério de ferro e barcos offshore.

Outras operações vão começar no ano que vem. É o caso da parceria BP -Prumo, para movimentar bunker de navegação; e da Edison Chouest, que vai operar no apoio às atividades de petróleo na Bacia de Campos com terminal com 15 berços para atracação de navios offshore, dos quais seis para atender a Petrobras. Outro que começa a operar em 2016 é o Terminal de Petróleo (T-Oil), que vai fazer operações de transbordo para um primeiro cliente: a britânica BG. O T-Oil pertence à subsidiária da Prumo Açu Petróleo que teve 20% do capital vendido para a alemã Oiltanking por US$ 200 milhões. Ao fechar o negócio, a Oiltanking reconheceu um valor de US$ 1 bilhão para a Açu Petróleo. É um valor superior ao valor de mercado de ontem da Prumo na BM&FBovespa, de R$ 2,63 bilhões (R$ 0,95 por ação). Com capital concentrado nas mãos dos acionistas, a ação da Prumo tem hoje pouca liquidez.

Apesar do crescimento, a Prumo ainda trabalha com fluxo de caixa negativo e prejuízo contábil, situação normal para uma empresa em fase de implantação, disse Eugênio Figueiredo, diretor financeiro da companhia. Essa condição tende a mudar, com a Prumo passando a ter fluxo de caixa livre, à medida em que aumentar a receita e reduzir investimentos. Nos últimos três trimestres, a Prumo registrou Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] positivo, disse Figueiredo.

A Prumo também resolveu um dos principais riscos ao seu projeto, que era o alongamento de dívida de R$ 2,3 bilhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na operação, a empresa conseguiu aprovar empréstimo adicional de R$ 500 milhões, o qual será repassado por agente financeiro do BNDES. A empresa está em negociações para definir quem será o agente repassador. Assim, a Prumo equacionou as necessidades de financiamento, o que incluiu a emissão de bônus de US$ 200 milhões com prazo de sete anos e juros de 8,5% ao ano subscritos pela Brookfield Asset Management. O dinheiro já entrou no caixa.

Figueiredo disse que a Prumo conseguiu boas condições ao acessar o mercado de dívida em momento de crise no Brasil. Na semana passada, o presidente do conselho da EIG, Blair Thomas, esteve no Açu. A EIG, que possui outros investimentos no Brasil, tem um sentimento de oportunidade em relação ao Brasil. Desde que assumiu a Prumo, a EIG comprometeu na empresa quase R$ 3 bilhões. O Açu é visto como fonte de eficiência para empresas exportadoras que precisem reduzir custos logísticos, disse Parente.

Na nova etapa, as operações de transbordo de petróleo no T-Oil, a partir de agosto de 2016, tornam-se uma das prioridades. O contrato com a BG prevê volume de 200 mil barris/dia, com opção de ampliar para 320 mil barris por dia. O volume inicial a ser usado pela BG representa 20% da capacidade licenciada do T-Oil, de 1,2 milhão de barris/dia. Entre os investimentos que ainda faltam no T-Oil, está a dragagem para aumentar a profundidade junto aos cais e no canal de acesso, obra que deverá custar cerca de R$ 500 milhões. Isso não impede que o terminal comece a operar em 2016 com navios Suezmax. Para bancar os investimentos restantes no T-Oil, a Prumo vai buscar financiamentos com bancos multilaterais no exterior.

A Prumo espera ainda ampliar a operação do Terminal Multicargas, que começou a fazer embarques de bauxita para a Votorantim e espera movimentar coque e carvão na importação.

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