Os dois terminais do Porto de Santarém, no Pará, que serão leiloados no dia 31, e mais outro terminal no porto de Vila do Conde, no município paraense de Barcarena, somam investimentos totais de R$ 985,85 milhões a serem realizados pelos vencedores da disputa ao longo dos 25 anos dos contratos de concessão previstos no edital. Juntos, eles representarão um aumento de 10,2 milhões de toneladas anuais na capacidade de movimentação de grãos dos dois portos e de 1,2 milhão de toneladas anuais na movimentação de fertilizantes em Santarém.
Os investimentos previstos serão distribuídos entre as obras de construção dos terminais (R$ 799,65) e os valores a serem pagos a título de arrendamento. Segundo Tadeu Vino, superintendente comercial da Kepler Weber, uma das principais fornecedoras de sistemas operacionais para as instalações portuárias da região, todas as grandes empresas que operam na produção e exportação de grãos nas regiões Centro-Oeste e Norte deverão entrar na disputa, mas como as inscrições só terminam hoje, as participações ainda não estavam definidas quando do fechamento desta edição.
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“Estamos construindo um ambiente favorável ao investimento. A alternativa do Arco Norte está consolidada e é seguramente o caminho para o desenvolvimento da nossa economia”, disse o ministro da Secretaria dos Portos (SEP), o paraense Helder Barbalho. Em evento sobre as perspectivas dos leilões realizado no dia 24 de fevereiro, em São Paulo, o diretor de portos da Cargill, Clythio van Buggenhout, chegou a admitir que a empresa estava “olhando arrendamentos no leilão”, segundo informações fornecidas pela SEP. Procurada agora, a empresa não se manifestou.
A Cargill já opera terminais em Santarém e em Porto Velho (RO). Juntamente com o grupo Maggi, a multinacional é uma das pioneiras no escoamento de produtos agrícolas pelo sistema fluvial e portuário da região Norte, considerado pelos especialistas do setor como a grande alternativa para a expansão do cultivo de grãos no Brasil. Segundo Vino, da Kepler Weber, o conjunto dos portos da região já responde pelo escoamento de aproximadamente 20 milhões de toneladas e ele considera provável que em “seis a oito anos” esse número possa chegar a 50 milhões.
De acordo com o executivo, a competitividade da soja do Centro-Oeste e do Norte brasileiros está intimamente relacionada com o avanço da capacidade de movimentação do produto nos terminais de região. Segundo ele, o produto do Mato Grosso, por exemplo, ganha “brincando” entre US$ 20 e US$ 30 por tonelada no custo logístico se escoado pelo Norte e não portos do Sul-Sudeste do país.
Vino afirmou que a Kepler Weber forneceu cerca da metade dos sistemas operacionais atualmente operando no chamado Eixo Norte e previu que, dada a competitividade da região como porta de saída para o agronegócio, nem as incertezas geradas pelo atual momento econômico e político do país devem barrar os avanços previstos.
O diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) Adalberto Tokarski também tem uma avaliação otimista sobre as perspectivas do leilão: “A minha expectativa, independentemente do momento, é de que tenhamos uma concorrência acirrada principalmente em Outeiro (terminal do Porto de Belém, que também será leiloado). Em relação às outras áreas, há também bom interesse, pois se tratam de locais que proporcionam logísticas diferenciadas. Entendo que a Secretaria de Portos acertou em disponibilizar essas áreas conjuntamente, porque há estratégias diferentes das empresas que atuam com a exportação de grãos”, disse por e-mail.
Santarém, localizada no encontro das águas do rio Tapajós com o rio Amazonas, fica na extremidade norte da BR-163 (Cuiabá-Santarém) e vem sendo um dos portos mais procurados pelos exportadores de grãos, especialmente a partir de 2009, quando foi decidido o asfaltamento total da rodovia, obra ainda não concluída.
Já o porto de Vila do Conde, no município de Barcarena, com acesso a Belém tanto por hidrovia como por rodovia, já representa uma alternativa para o agronegócio pelo acesso fluvial, mas pode tornar-se ainda mais estratégico caso seja concretizada a construção do trecho de 457 quilômetros ligando o porto paraense a Açailândia, no Maranhão, integrando Vila do Conde à ferrovia Norte-Sul.
Dos dois terminais de Santarém que serão leiloados no dia 31, um será para a movimentação de até 5,1 milhões de toneladas anuais de grãos e o outro está projetado para movimentar 1,2 milhão de toneladas de fertilizantes por ano, produto destinado às plantações de grãos do Centro-Oeste. O terminal de Vila do Conde também será destinado à movimentação de grãos, com a mesma capacidade de 5,1 milhão de toneladas/ano prevista para o de Santarém.
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