O desempenho do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no primeiro trimestre de 2016 mostrou “quadro bastante difícil de investimentos” na economia, na análise do superintendente do banco, Cláudio Leal. Ontem, a instituição de fomento anunciou seus números para o período. Houve recuo de 7% nas consultas de empréstimo nos primeiros três meses, ante igual período em 2015, para R$ 23,469 bilhões.
As consultas são o primeiro passo de pedido de crédito, e usado como guia para medir interesse do empresariado em novos investimentos. “Os investimentos estão totalmente retraídos”, avaliou Leal.
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Assim como os pedidos de empréstimo, os desembolsos também apresentaram saldo negativo, com recuo de 46% ante igual período no ano passado, para R$ 18,060 bilhões. Isso reflete a crise econômica em 2015, visto que essas liberações representam pedidos de empréstimo iniciados no ano passado.
Entre os setores, a indústria mostrou retração mais forte de desembolsos (-48%), no período de comparação, seguido por infraestrutura e agropecuária (ambos com -51%) e agropecuária (-11%).
O recuo nas consultas foi menos intenso do que o observado no fim do ano passado. Em dezembro de 2015, as consultas caíam a 47%, totalizando R$ 124,6 bilhões em 12 meses, o que, na avaliação de Leal, não sinaliza recuperação nos investimentos.
“Houve entrada de [pedido de empréstimo] dois empreendimentos de grande porte em material de transporte, no começo do ano”, afirmou. O efeito foi tão forte que somente as consultas de empréstimo do setor industrial subiram 77% no primeiro trimestre, para R$ 8,1 bilhões. “Isso ajudou a diminuir o ritmo queda nas consultas como um todo”, explicou o economista.
No primeiro trimestre, todas as fases de operação de crédito mostraram retração ante igual período em 2015. As aprovações caíram 37% no primeiro trimestre, para R$ 13,541 bilhões, enquanto os enquadramentos de empréstimo recuaram 4%, para R$ 22,731 bilhões.
O superintendente foi questionado sobre se o ambiente desfavorável poderia levar a volume de desembolsos inferior ao do ano passado – R$ 136 bilhões, recuo de 28% ante 2014. “É muito cedo para avaliar isso”, afirmou, preferindo não revelar metas de desembolso para 2016.
Ele preferiu não comentar se pode ocorrer novo impulso de investimentos na economia pelo empresariado, no caso de um governo comandando pelo atual vice-presidente Michel Temer. No momento, o Senado analisa o impeachment da presidente Dilma Rousseff, após autorização da Câmara.
Leal lembrou que, para melhorar o cenário, o BNDES lançou medidas para estimular o empresariado a voltar a investir. Em abril, o banco anunciou melhoras em refinanciamento no Cartão BNDES e do Programa de Sustentação de Investimento (PSI). Além disso, também divulgou redução de juros em capital de giro. Houve, ainda, melhoria nas condições de linhas de exportação pré-embarque. No entanto, segundo ele, os efeitos dessas ações ainda não são perceptíveis nos números do banco.
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