‘A insegurança é a pior coisa que existe’, diz Ometto, da Cosan

O empresário Rubens Ometto Silveira Mello, fundador e presidente do conselho de administração do grupo Cosan, acredita na retomada do crescimento do País, que passa por uma das maiores crises econômicas de sua história. Ometto não quis comentar o processo de impeachment que afastou a presidente Dilma Rousseff. Ele diz que a posse de Michel Temer (PMDB) deve acabar com o clima de insegurança que pairava sobre o País.

O grupo, que teve sua origem como produtor de açúcar e álcool, hoje é um dos maiores conglomerados do País: tem atuação em logística (Rumo ALL), é o terceiro maior distribuidor nacional de combustíveis, com a Raízen (joint venture com a Shell), e controla a Comgás. A companhia é candidata a disputar concessões no setor de infraestrutura.

– A mudança de governo deverá promover a retomada da confiança e atrair investidores ao País?

Acredito que sim. Voltará a dar ânimo ao empresariado e investidores, de forma geral. Havia uma insegura jurídica grande, um clima de incerteza de saber como as coisas iriam ficar e isso é ruim para o País.

– O sr. acredita que Temer conduzirá as reformas necessárias para tirar o País da crise?

Acho que o novo governo vai criar condições de se fazer as reformas com o apoio do Congresso. As reformas tinham de ser feitas, mas não passavam pelo Congresso. Agora, qualquer reforma que venha (a ser feita) tem grandes chances de ser aprovada.

– Quais as principais medidas que devem ser adotadas?

Concordo com as propostas da Fundação Instituto Ulisses Guimarães (que criaram base para ‘Uma Ponte para o Futuro’, apresentado pelo PMDB no fim do ano passado).

– Reformas orçamentária e da Previdência são prioritárias?

Todas são importantes. Agora, o prazo, a prioridade, quem vai definir é o novo presidente, com o apoio do Congresso. Nada é fácil, tudo vai ter de ser debatido. E ele (Temer) tem de fazer uma agenda com as prioridades que acredita serem mais convenientes e possíveis de passar no Congresso.

– Boa parte do empresariado faz coro por uma reforma trabalhista.

(Essa questão) é muito importante. O País precisa de uma legislação mais moderna. A que está vigente é do tempo do (ex-presidente) Getúlio Vargas. Não contempla a terceirização, por exemplo. Traz uma insegurança para as empresas, que fecham acordo com sindicatos, mas esbarram na Justiça. Isso prejudica, ninguém quer criar emprego. Fica com medo das consequências. Não é só oneroso, mas inseguro. Você faz um acordo que não pode ser cumprido.

– Resolvida a crise política, há expectativa de retomada dos investimentos?

Com as reformas que devem ser feitas pelo Congresso, começa a se resolver o problema de déficit fiscal. Uma vez resolvida essa questão, baixam-se os juros. Se baixam os juros, mais investimentos virão. Acho que tudo vai ser discutido. Vai ter de se levantar o tamanho do déficit fiscal, dos esqueletos que existem, para fechar essa equação.

– A escolha de Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda agradou ao mercado. Os empresários também estão otimistas?

Foi uma ótima escolha. Ele dará bom suporte para ajudar Temer a montar a equação e a executá-la. Precisa ter competência e capacidade de executá-la com apoio do Legislativo.

– Destravadas as concessões, haverá apetite para investir?

Sim. O Brasil precisa disso.

– O sr. está mais otimista?

Acredito que a situação vá melhorar. Pelo que ouço dos empresários, investidores e fundos estrangeiros, há um otimismo e uma sensação de alívio… de uma coisa resolvida. A insegurança é a pior coisa que existe.

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