O desempenho das consultas e das aprovações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no primeiro semestre mostrou sinais de uma possível recuperação no nível da atividade econômica. De janeiro a junho, as consultas de empresas em busca de novos financiamentos no banco caíram 1% sobre igual período de 2015, enquanto a aprovação de empréstimos subiu 1%. Nos dois casos, o resultado foi puxado pela indústria, com destaque para a área de material de transporte.
No primeiro semestre, houve consultas e aprovações envolvendo a Embraer, o que contribuiu para o resultado final. Essa e outras operações de porte no BNDES para outros setores no período confirmam que ainda não é possível verificar uma tendência consolidada de recuperação da economia.
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O BNDES afirmou que as consultas e aprovações passam por uma fase de “acomodação”. Os dois indicadores são importantes porque apontam o comportamento futuro dos desembolsos do BNDES. Para Fabio Giambiagi, superintendente da área de planejamento do BNDES, os números do primeiro semestre permitem ter um “otimismo cauteloso” a partir da estabilização dos indicadores e da melhoria dos sinais de expectativa. Ele avaliou que a normalização das relações políticas entre Executivo e Legislativo – um dos elementos da crise de 2015 e 2016 – pode criar as condições para que a confiança se consolide e esse movimento se reflita nos indicadores do BNDES.
Giambiagi citou outro indicador das consultas, medido em termos reais, que também melhorou. De janeiro a dezembro de 2015, as consultas das empresas feitas ao BNDES caíram 51,6%, em termos reais. O mesmo indicador, nos doze meses encerrados em junho de 2016, caiu menos, 37,5%. “Pode ser um sinal de certa normalização da economia”, disse Giambiagi.
Na indústria, o destaque foi o material de transporte, com consultas de R$ 12,9 bilhões e alta de 92,4% na comparação semestral. Os enquadramentos do segmento totalizaram R$ 10,8 bilhões, alta de 59% em relação ao primeiro semestre do ano passado. Giambiagi não quis precisar quais operações dentro da área de material de transporte foram mais importantes. Essa categoria inclui fabricação e montagem de veículos automotores, embarcações, equipamentos ferroviários e aeronaves.
Ele não quis fazer projeções para os desembolsos do banco no ano. O desembolso do BNDES de janeiro a junho somou R$ 40,12 bilhões, com queda de 42% em relação ao mesmo período do ano passado. É o menor desembolso para um primeiro semestre desde 2008, quando o banco liberou R$ 37,8 bilhões. No primeiro semestre de 2015, os desembolsos da instituição haviam somado R$ 68,76 bilhões, queda de 18,1% sobre o mesmo período de 2014.
Nos 12 meses encerrados em junho deste ano, os desembolsos do banco somaram R$ 107,29 bilhões, queda de 38% na comparação com igual período anterior. Em 2015, os desembolsos totalizaram R$ 135,9 bilhões.
Na área de infraestrutura, as consultas de janeiro a junho totalizaram R$ 19,28 bilhões, com queda de 22% em relação a igual período do ano passado. No primeiro semestre de 2015, a queda nas consultas de infraestrutura havia sido ainda maior, de 56,7%, na comparação com igual período de 2014. Agora o destaque foi a área de energia elétrica, com consultas de R$ 11,5 bilhões, queda de 10% sobre o ano passado. Houve operações para usinas hidrelétricas e eólicas.
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