Oferta reduz preço de armazenagem

As empresas brasileiras que contratam serviços de logística, com desembolso anual em torno de R$ 120 bilhões, não conseguiram que os operadores reduzissem suas tarifas, mesmo com a retração dos negócios. Mas algumas coisas se acomodaram. O preço do metro quadrado dos armazéns, por exemplo, que pesa significativamente nos custos logísticos, e que estava entre os mais altos do mundo, segundo as empresas do setor industrial, caiu dramaticamente.

A redução chegou a 30% em algumas regiões brasileiras, como Sudeste e Nordeste, aponta Paulo Sarti, diretor-presidente das operações da americana Penske na América do Sul. Atualmente, há uma grande oferta de área de armazenagem de mercadorias como não acontecia há três a quatro anos, diz. Nada de graça, assinala. Empresas multinacionais investiram pesado na construção de grandes armazéns, há vacância em várias regiões e os preços ficaram bem interessantes. E isso é importante para o país manter a competitividade, afirma.

Segundo o executivo, muitos custos estavam artificialmente elevados, mas por causa da grande demanda se acomodaram e estão hoje numa melhor situação. Os custos dos transportes, devido à ineficiência da infraestrutura de estradas, principalmente, ainda continuam altos. Mas alguns modais que antes não eram utilizados estão sendo mais procurados. Temos clientes do setor eletroeletrônico, com fábricas em Manaus, que antes traziam suas cargas para a região Sudeste por hidrovias e ferrovias, até Santos, para depois distribuir para o interior, que passaram agora a utilizar a cabotagem, por navios, e a entrega final sendo feita por rodovias, conta Sarti.

É uma estratégia que prioriza a diversificação e o foco em segmentos de mais rentabilidade, comenta Thomas Richtter III, diretor da Wilson Sons Logística, unidade criada em 2014 pelo grupo Wilson Santos, e que já fatura em torno de 7% da receita total da companhia (US$ 550 milhões em 2015). Hoje já somos o principal operador no transporte de cargas de projetos para a construção de parques eólicos e solares no país, diz Richtter III. Criamos uma estrutura para prestar diferentes tipos de serviços para o setor, como armazenagem, exportação, serviços de embalagem e transporte, indica.

Trata-se de uma solução integrada, que opera por meio de duas plataformas logísticas, de acordo com o executivo. A do Sudeste, onde está um grande terminal alfandegado, em Santo André, interligado a uma infraestrutura de transportes rodoviário – responsável por quatro mil viagens mensais. E a plataforma Nordeste, no complexo industrial de Suape, região metropolitana de Recife, onde foi inaugurado outro terminal alfandegado, com investimentos de R$ 11 milhões. Toda operação se conecta com os terminais de contêineres de Salvador e do Rio Grande (RS), também operados pelo grupo Wilson Sons. Procuramos ainda focar em soluções específicas para segmentos determinados, como o de bebidas, cosméticos e de Tecnologia da Informação, criando formas mais eficientes de transporte e logística, afirma.

Outro exemplo de especialização é o da Brink’s, multinacional americana que atua com soluções de segurança para transporte de valores. Recentemente, a empresa investiu na compra de novos caminhões truck blindado e refrigerado para operar no transporte de produtos eletrônicos e cargas de alto valor da indústria farmacêutica que exigem ambiente controlado. A solução de transporte em carro forte, além de trazer mais segurança, reduz o custo da operação e proporciona eficiência logística, diz Cristiano Venturella, gerente comercial de novos negócios da Brink’s.

A maior preocupação não é mais, simplesmente, com a redução de tarifas. Isso ninguém consegue mais. O que tinha de reduzir já aconteceu, ensina Carlos Cesar Meireles Vieira Filho, diretor-executivo da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol), que reúne 25 das grandes companhias que prestam serviços de logística no país. É um mercado onde operam perto de 140 empresas, que têm um faturamento total estimado de R$ 65 bilhões e empregam 243,5 mil pessoas, entre diretos e indiretos. Só conseguiremos uma redução racional de custos por meio do correto gerenciamento da infraestrutura de serviços, dos transportes, de modo integrado e sincronizado, afirma.

A tecnologia e a capacitação profissional também ajudam na busca de maior eficiência operacional, avalia Adriano Thiele, diretor executivo de operações da JSL, uma das maiores empresas do setor, que projeta para este ano uma receita bruta de serviços de logística entre R$ 4,2 bilhões e R$ 4,4 bilhões. A empresa registra cases de sucesso com aplicativos desenvolvido internamente para clientes da indústria de alimentos, para monitorar via smartphone a distribuição urbana, e software para o setor automotivo, que ajudam a aumentar a taxa de ocupação e escolher os veículos ideais para transporte. JSL estima investimento líquido em 2016 ficará entre R$ 350 milhões e R$ 600 milhões.

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