A marca Rio ganha uma chance de ouro

Todo mundo parece concordar que, desde a cerimônia de
abertura da Olimpíada, a imagem do Rio de Janeiro, de repente, mudou para
melhor. A série de problemas mostrados na preparação dos jogos deu lugar a um
evento que funcionou – apesar de eventuais “soluços”. A grande pergunta agora é
se a cidade poderá usar o evento para fomentar o turismo nos próximos anos,
caso a marca Rio seja bem trabalhada.

A referência em transformar a Olimpíada em um “legado” ainda
é Barcelona, na Espanha, que sediou o evento em 1992. Nos dez anos seguintes
aos jogos, o fluxo de turistas estrangeiros para a cidade dobrou, chegando
perto da marca de 3,5 milhões ao ano, e nunca mais baixou deste patamar. Atenas
(2004) e Londres (2012) também viram benefícios, mas em patamar mais modesto.

Estatal responsável pela promoção de destinos brasileiros, a
Embratur está se movimentando para tentar pegar carona na onda de boa vontade
com o Rio de Janeiro. Uma campanha será veiculada, já nas próximas semanas, no
canal de notícias CNN, sobre as belezas da cidade. O vídeo foi produzido a
partir de imagens de arquivo da própria rede, para que possa ir ao ar
rapidamente.

Segundo o presidente da Embratur, Vinicius Lummertz, a
empresa tem hoje um orçamento de US$ 16 milhões para promoção internacional de
destinos brasileiros – bem abaixo do valor de US$ 115 milhões cinco anos atrás.
“Pleiteamos uma emenda constitucional de US$ 400 milhões para ficarmos no nível
de gastos do México. ”

Enquanto o dinheiro extra não vem, Lummertz diz que o Rio
ganhou vantagens competitivas em infraestrutura, como a ligação do metrô até a
Barra da Tijuca e o Porto Maravilha, que podem ser um argumento a mais na hora
de atrair o turista interessado em pontos turísticos tradicionais, como Pão de
Açúcar, Corcovado e as praias da zona sul. “O VLT facilita o transporte e
permite que se veja a cidade por novos ângulos. ”

No que se refere à recepção dos turistas, a cidade evoluiu,
mas ainda tem muito a melhorar, segundo Diogo Canteras, diretor da consultoria
Hotel Invest. Ele assinala que houve uma adição de quartos na Barra da Tijuca e
na zona sul, de cerca de 12 mil unidades nos últimos cinco anos, mas existem
ainda muitos hotéis que precisam de reforma na capital fluminense.

Para Canteras, embora a reputação do Rio no exterior seja
importante, o principal foco deve ser o turista nacional, que representa dois
terços do fluxo para a cidade, de 7 milhões de pessoas por ano, segundo o Rio
Conventions & Visitors Bureau. “O Rio perdeu o fluxo de turistas de
negócios do setor de óleo e gás, mas pode ganhar com o turismo de lazer e o de
eventos”, diz o especialista. “Neste sentido, o metrô ajuda muito, pois encurta
a distância até a Barra da Tijuca, que tem bons hotéis. ”

Marca. Do ponto de vista de marca, porém, o bom resultado da
Olimpíada é apenas um passo. Embora o Ministério do Turismo tenha divulgado
pesquisa mostrando que 94% dos turistas nacionais e 87% dos estrangeiros que
vieram para os jogos voltariam à cidade, o publicitário Cyd Alvarez, presidente
da agência NBS, lembra que há aspectos desfavoráveis, como a segurança. “É
preciso lembrar que marca não se constrói só fazendo comunicação. ”

No entanto, a Olimpíada serviu para virar o humor dos
cariocas, na visão de Alvarez. “Houve um resgate da autoestima do carioca, que
gostou de ver a cidade capaz de fazer um evento deste porte. Acho que isso pode
ser o estopim da mudança que precisa acontecer em segurança, saúde e educação.

O presidente do conselho da WMcCann, Washington Olivetto,
está no time dos que acreditam que os jogos serão um legado importante para a
imagem da cidade. “A Olimpíada é a melhor agência de propaganda que uma cidade
pode ter, bate qualquer campanha. ”

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