Chineses querem retomar projeto do trem-bala

Empresas chinesas estão interessadas em retomar o projeto do
trem-bala entre os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, obra que já foi a
menina dos olhos dos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da
presidente afastada Dilma Rousseff, mas que nunca se viabilizou diante de
dúvidas de investidores, disseram três fontes a par das discussões.

O embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, disse ao
presidente em exercício Michel Temer na quarta-feira que empresas chinesas
estão interessadas no projeto, cujas estimativas de investimentos variavam
entre cerca de R$ 35 bilhões, por parte do governo, e R$ 50 bilhões, na visão
do mercado.

Temer foi convidado para um passeio de trem de alta
velocidade na China, de Xangai para Hangzhou, durante a reunião em setembro de
líderes do G-20, em que ele vai discutir o projeto com o presidente chinês Xi
Jinping, em reunião bilateral.

“Os chineses querem muito vender esse projeto ao Michel (Temer)
”, disse uma fonte palaciana que pediu anonimato porque não estava autorizado a
falar publicamente. “O Brasil não comprou ainda, mas a ideia é vista com
simpatia”, completou.

Um porta-voz da embaixada chinesa em Brasília disse que não
tinha conhecimento do conteúdo das discussões entre Temer e embaixador Li
Jinzhang.

Fontes do governo Temer dizem que, dada a situação fiscal do
País, uma condição para o projeto do trem-bala ser retomado é as empresas
interessadas bancarem sozinhas os custos, sem participação de recursos
públicos.

Técnicos do governo defenderam várias vezes alternativas
para ajudar a pagar a conta do projeto. Além das tarifas dos passageiros,
poderia haver exploração imobiliária nos arredores das estações de embarque e
desembarque.

A tese é de que condomínios de alto padrão poderiam ser
construídos ao longo do trajeto do trem-bala, pois o serviço de alta velocidade
viabilizaria o deslocamento diário de seus moradores para o trabalho nos
grandes centros urbanos.

Entre as empresas chinesas que estariam interessadas em
retomar o projeto está a China Railway Construction, segundo uma fonte do
governo. A empresa não pôde ser imediatamente contactada para comentar a
informação.

Empresas chinesas acreditam que o projeto seja
economicamente viável, mas querem que o governo brasileiro proponha um novo
modelo de concessão, disse uma autoridade chinesa familiarizada com as
discussões.

Projeto. Polêmico, um leilão de uma das versões do projeto
chegou a ser cancelado em 2011 por falta de interessados. Outros anúncios de
licitação da obra foram adiados e muitas mudanças na modelagem foram feitas
para tentar tornar o empreendimento mais atrativo a investidores.

Investidores, nacionais e estrangeiros, manifestaram
reservas quanto ao projeto no passado, citando incertezas em relação à obra
civil – as diferentes opções de traçado poderiam gerar custos muito diferentes,
por exemplo.

Para tentar dirimir dúvidas após o leilão sem interessados,
o governo alterou a modelagem e propôs dividir o projeto em duas partes, uma
envolvendo a tecnologia e concessão da operação do serviço e outra com o
contrato para construção da ferrovia. A ideia era que o vencedor da primeira
fase fizesse um projeto detalhado a ser seguido pelo vencedor da segunda etapa,
reduzindo seus riscos. A ideia também não vingou.

Em mais de um momento, os investidores criticaram não
somente os riscos inerentes ao projeto, mas também as taxas de retorno
propostas pelo Executivo.

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