Com a crise, receita de construtoras despenca 43% em dois anos

A receita das empresas brasileiras de engenharia despencou e
teve, no ano passado, o menor volume desde 2008, segundo levantamento publicado
ontem pela revista “O Empreiteiro”, com dados das 500 maiores companhias do
país no setor. Nos últimos dois anos, a queda acumulada na receita é de 43%,
caindo de R$ 131 bilhões em 2013, antes do início da Operação Lava-Jato, para
R$ 75 bilhões em 2015.

A revista credita esse recuo à desaceleração na atividade
econômica e à interrupção da maioria dos projetos da Petrobras, que,
tradicionalmente, é a maior cliente dessas empresas. O recuo foi registrado
entre as maiores empresas dos quatro segmentos da engenharia: construção;
montagem industrial; projetos e consultoria; e prestadores de serviços
especiais de construção.

O ranking mais recente não tem, contudo, informações da
Odebrecht (líder em 2014) e da OAS, que enviavam seus números à “Empreiteiro”.
A saída delas contribui para uma queda mais acentuada nas cifras, que são
consideradas os dados mais precisos de acompanhamento agregado dessas empresas
no país.

Mesmo sem as grandes, a lista revela o recuo da maior parte
das empresas e uma reviravolta entre as primeiras colocadas. Em 2015, a Andrade
Gutierrez superou em faturamento a Queiroz Galvão e a Camargo Corrêa, que, até
o ano passado, formavam o pódio do setor com a Odebrecht.

No entanto, mesmo a Andrade, que faturou R$ 6,2 bilhões no
ano passado, viu o seu número de empregados cair de 12,6 mil para 11,4 mil. Na
Queiroz Galvão, o quadro de empregados foi de 19,7 mil em 2014 para 9,8 mil no
ano passado e, na Camargo Corrêa, recuou de 16 mil para 15,3 mil. Em 2014, a
Odebrecht tinha 107 mil empregados, os dados de 2015 não foram informados.

CINCO MIL OBRAS PARADAS

Segundo autoridades do governo do presidente interino, Michel
Temer, há cerca de 5.000 obras paradas no país, seja por falta de recursos ou
por outros motivos. Em grandes obras, como a construção de ferrovias, houve
encolhimento significativo de contingente em 2015, o que colabora com a redução
da receita das empresas de engenharia. As duas maiores, Andrade e Queiroz
Galvão, têm em contratos públicos mais de 70% do seu faturamento.

Dados levantados pela Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC) mostram que, apesar da queda da receita do setor, a construção
civil não perdeu participação relevante no Produto Interno Bruto (PIB) nos
últimos anos, mantendo a fatia de 6,4% no valor adicionado bruto da economia em
2013 e em 2015.

Fonte:  O Globo

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