Com melhora na China minério passa de U$ 60

O minério de ferro ignora o crescente excesso de oferta e a
proximidade do pior momento sazonal para a demanda e volta a ultrapassar os US$
60. A resiliência da atividade siderúrgica na China ajudou a impulsionar ontem
os preços da commodity no mercado à vista e a cotação do produto com pureza de
62% encerrou cotado em US$ 62,27 por tonelada no porto chinês de Qingdao,
segundo a “Metal Bulletin”. A alta no dia foi de 4,9%.

Com esse desempenho, a matéria-prima atinge seu maior
patamar em três meses e se aproxima mais da máxima anual, de US$ 70,46, em
abril. No mês passado, o minério registrou valorização de 9%, enquanto no
acumulado de 2016 o ganho é de 43%.

Analistas creem que o avanço da commodity ainda perderá
força, para fechar o ano entre US$ 45 e US$ 50. Levantamento do Valor com oito
instituições financeiras – bancos, corretoras, consultorias e agências de risco
– aponta para média de US$ 47,55 no ano. Isso significaria patamar de US$ 43,25
no decorrer do segundo semestre.

A China divulgou os índices de gerentes de compras (PMI, na
sigla em inglês), que demonstram a atividade industrial do país. Em julho, o
país ficou com 49,9 pontos no setor manufatureiro, ante 50 pontos no mês
anterior. Foi a primeira vez em cinco meses que o índice caiu abaixo de 50, o
que indica contração da atividade.

Por outro lado, na cadeia do aço, a situação melhorou. O
avanço dos preços de aços planos e longos no país, que já supera os US$ 100 por
tonelada, ajuda na recomposição de margem das siderúrgicas, que após vários
trimestres no vermelho começam a contabilizar lucro. No setor, o PMI chegou a
50,2 pontos, ante 45,1 pontos em junho.

Apesar da maior rentabilidade e da corrida às compras de
minério de ferro, os estoques estão nos maiores níveis em anos. Nos portos da
China, o minério armazenado já ultrapassa os 110 milhões de toneladas. Para
piorar a situação, o mercado transoceânico já se encontra saturado.

Nos cálculos dos analistas, a oferta já supera a demanda em
cerca de 35 milhões de toneladas. “A oferta já está abundante e vai aumentar
daqui para frente”, lembra Daniel Briesemann, do alemão Commerzbank. A
operação da Rio Tinto em Pilbara segue em expansão, enquanto Roy Hill
encontra-se na curva de aprendizagem – ambos projetos australianos. No começo
de 2017, a situação pode piorar mais, com o início das operações comerciais do
S11D, da Vale.

 

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