Com a promessa de melhorar sua estrutura de capital, diante
de uma alavancagem em níveis preocupantes, a Companhia Siderúrgica Nacional
(CSN) deverá anunciar, em um prazo de dez dias, seu primeiro desinvestimento. A
afirmação foi feita nesta terça-feira, 16, pelo presidente da companhia,
Benjamin Steinbruch, em teleconferência com analistas e investidores.
Segundo apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo
real do Grupo Estado, a primeira venda a ser realizada pela companhia deve ser
a da fabricante de latas para bebidas Metalic. Com atuação mais forte no Norte
e no Nordeste, a empresa tem cerca de 4% do mercado nacional desse tipo de
embalagem. Procurada, a CSN não comentou a informação.
A grande aposta, no entanto, era de que a siderúrgica
iniciasse o processo de desinvestimento pelo Terminal de Contêineres (Tecon),
que já vinha enfileirando interessados para aquisição integral ou de fatia,
segundo pessoas com conhecimento do assunto. Com a venda integral, a CSN – que
acumula mais de R$ 25 bilhões em dívida líquida – poderia levantar R$ 1,2 bilhão,
de acordo com fontes de mercado.
“Estamos iniciando nosso processo de desmobilização, que é
uma coisa que o mercado nos cobra. Temos bons ativos e estamos trabalhando em
diversas frentes, incluindo a desmobilização de ativos core (chave)”, afirmou
Steinbruch. Ele disse ainda que depois dessa primeira venda, outro
desinvestimento, já engatilhado, deverá ser anunciado.
Os negócios chave, que incluem cimento, siderurgia e
mineração, não haviam sido colocados no rol de ativos à venda até então. Além
de Metalic e Tecon, a CSN havia anunciado que procuraria novos donos para
ativos do setor elétrico, para a participação excedente na ferrovia MRS e a
fatia na Usiminas.
Steinbruch disse que, no primeiro semestre, a CSN focou na
melhoria operacional e que agora toda a atenção está voltada para a melhora dos
números financeiros. Com um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação
e amortização) longe do visto no passado, a alavancagem da CSN deu um salto,
aumentando a cautela do mercado em relação à estrutura financeira da companhia,
que passou a apresentar elevados pagamentos de serviço de dívida, pressionando
ainda mais o resultado. A alavancagem medida pela dívida líquida pelo Ebitda no
segundo trimestre deste ano foi a 8,3 vezes, ante 8,7 vezes nos três primeiros
meses do ano e de 5,6 vezes no mesmo intervalo do ano passado.
A dívida líquida ajustada ao fim de junho era de R$ 25,873
bilhões, aumento de 25% em um ano e queda de 3% ante o observado no trimestre
imediatamente anterior.
Expectativa. Depois de mais um prejuízo, a expectativa é de
que o faturamento da CSN melhore no terceiro trimestre, período em que a
empresa espera ainda voltar ao lucro, afirmou Steinbruch.
Segundo ele, no segundo trimestre do ano, a CSN foi
conservadora em seus preços praticados para o minério de ferro e acabou, assim,
trabalhando com valores fechados para o insumo, não conseguindo capturar o
aumento de preços que foi observado no período. Com isso, o preço deverá
melhorar no terceiro trimestre, disse, destacando que além desse movimento de
preços a CSN está trabalhando para aumentar ainda mais sua produção de minério.
Para o segundo semestre, Steinbruch disse que sua percepção
é de que os preços do minério de ferro fiquem no patamar de US$ 60 por tonelada
a US$ 70 por tonelada. Além da melhora adicional esperada para o minério, o
executivo disse que a previsão ainda é de estabilidade para os preços do aço.
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