Green bonds brasileiros somam US$ 3 bi

O mercado de títulos de dívida verdes alcançou quase US$ 3
bilhões no Brasil. As emissões de dívidas de empresas brasileiras no exterior
vinculadas ao financiamento de projetos socioambientais, os chamados
“green bonds” ou “climate bonds”, ocorrem principalmente no
setor de transporte ferroviário e, em segundo lugar, de energia. Os dados fazem
parte do relatório “Títulos de Dívida e Mudança Climática: análise do
mercado em 2016”, elaborado pela SITAWI, consultoria especializada em
finanças sustentáveis. Trata-se do capítulo brasileiro do relatório global produzido
pela Climate Bonds Initiative, organização baseada em Londres que promove a
economia de baixo carbono.

O estudo brasileiro, que será divulgado em evento na
terça-feira, em São Paulo, identifica os títulos verdes rotulados – ou seja,
definidos explicitamente pelo emissor como um título verde – e os títulos
climáticos. No segundo caso, são títulos de dívida emitidos pelas empresas que
no entendimento da Climate Bonds poderiam ter sido rotulados, mas não foram.

A primeira emissão de títulos verdes no Brasil foi em maio
do ano passado, os US$ 549 milhões da BRF, do setor de alimentos. Em julho
desde ano foi a vez da Suzano Papel e Celulose fazer uma emissão de US$ 500
milhões.

O estudo da SITAWI, contudo, tem linha de corte feita em
maio de 2016, antes da emissão da Suzano. O mercado, naquele momento, era de
US$ 2,4 bilhões e os títulos verdes rotulados correspondiam a 23% do total. No
mundo esse percentual é de 17% e o mercado total, de US$ 118 bilhões. Os
títulos climáticos não rotulados somam US$ 576 bilhões globalmente.

No Brasil, 54% dos títulos são relacionados ao transporte
ferroviário (transporte público, trens urbanos e metrô). Energia, o segundo
emissor (23%), inclui energia eólica e solar. 
A CPFL Renováveis foi a maior empresa a atuar neste segmento de mercado.
A terceira frente, denominada multisetorial, é um mix de títulos que irão
financiar a redução do consumo de água e energia elétrica, além do tratamento
de resíduos.

“No Brasil esse é um mercado de emissões corporativas
com alguma coisa de bancos”, diz o economista Gustavo Pimentel, diretor da
SITAWI. Embora o mercado de dívida brasileiro “ainda não seja maduro e
dominado por emissões soberanas”, como diz o estudo, há boas
oportunidades.

“O setor florestal brasileiro, principalmente papel e celulose,
tem boa gestão socioambiental, certificação forte e são indústrias
exportadoras, com grande potencial de emitir dívida lá fora”, avalia
Pimentel. “É uma boa combinação setorial, com qualidade de ativos verdes e
possibilidade de emissão externa”, aposta.

O economista acredita que os green bonds podem estimular a
economia de baixo carbono e os países a cumprirem as metas que divulgaram nas
negociações do Acordo de Paris, em dezembro, as chamadas INDCs. “Os green
bonds são uma forma de se mobilizar o capital privado para que se cumpram as
metas ambientais dos países”, diz Pimentel.

O relatório anual da Climate Bonds Initiative, lançado em
julho, é tido como a única análise mundial de títulos do gênero. Foram
analisados mais de 1.700 emissores para descobrir os que tinham mais de 95% da
receita provenientes de ativos benéficos ao clima.

 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*



0