Julho foi um mês misto para as commodities industriais.
Enquanto o minério de ferro continuou sua toada de alta e tocou os níveis
máximos do ano, a recuperação do petróleo perdeu força e o preço do barril caiu
no acumulado do período. Dentre os metais, o mês também foi de dúvidas, mas
todos terminaram no campo positivo. O alumínio teve o pior desempenho.
O minério com teor de 62% de ferro fechou julho a US$ 58,80
por tonelada no porto chinês de Tianjin, alta de 8,5% no mês, segundo a
“The Steel Index”. Apesar de analistas preverem que o aumento da
oferta em meio à demanda arrefecida vai derrubar os preços, o insumo resiste em
níveis acima de US$ 55. No ano, o ganho é de 37%.
O Valor consultou oito instituições financeiras, entre
bancos, consultorias e agências de rating. A cotação média do minério em 2016 é
prevista em US$ 47,50, o que significaria que no segundo semestre teria que
ficar em US$ 43,25. A julgar pelo comportamento em julho, a queda teria de ser
muito acentuada até os últimos dias do ano. Para 2017, as mesmas instituições
veem a commodity em US$ 44,10.
Daniel Briesemann, analista do alemão Commerzbank, diz que a
sobreoferta no mercado transoceânico já é gigante. Mesmo com a expansão em
Pilbara e Roy Hill, ambos na Austrália, ainda na curva de aprendizagem, a
produção está cerca de 35 milhões de toneladas acima da demanda. Os estoques em
portos chineses já ultrapassam as 110 milhões de toneladas.
O movimento do minério pegou quem acompanha o mercado de
surpresa. O Goldman Sachs classificou, em relatório, o desempenho de uma
“contradição”. O banco foi obrigado a elevar a projeção de preço para
o terceiro trimestre em 18%, para US$ 53, por conta da forte alta já ocorrida.
O texto lembra que a valorização até agora foi influenciada pelo avanço da
cotação do aço, que tem causa nos baixos estoques siderúrgicos.
Pontos a se observar nos próximos meses são a evolução da
oferta australiana e a hora de entrada do projeto S11D, da Vale, em Carajás
(PA), além da produção de aço e as importações de minério na China.
Por outro lado, o petróleo decepcionou os investidores,
principalmente por temores quanto à demanda, altos estoques de derivados e a
volta de algumas produtoras que haviam desligado sondas na época de baixa. O
Brent para entrega em outubro caiu 12,4% em julho na ICE Futures de Londres,
para US$ 43,53 o barril, enquanto o WTI recuou 13,6% na Nymex, de Nova York,
para US$ 42,33 cada. Em 2016, as altas ainda são de 15,6% e 10,9%,
respectivamente.
A consultoria Capital Economics lembra que a performance
imita o observado no primeiro semestre de 2015, quando um repique no começo do
ano se inverteu e se transformou em grande queda até dezembro. “Mas dessa
vez não acreditamos que o recuo se acelere, e sim que os preços se mantenham no
nível atual até o fim do ano”, escreve o analista Thomas Pugh, em
relatório.
Na semana passada, o Morgan Stanley publicou relatório no
qual prevê excesso de oferta ainda em 1,4 milhão de barris por dia em 2016.
Considerando a média anual, só em 2018 chegaria o déficit no mercado, de 200
mil barris diários. O banco vê o preço a US$ 40 no quarto trimestre.
No lado da oferta, a situação pode piorar. A agência de
notícias Reuters prevê que a produção da Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (Opep) tenha subido em julho ao maior patamar da história recente.
Levantamento do Valor com 14 instituições aponta para preço médio de US$ 44 em
2016 e US$ 56,90 em 2017.
Na Bolsa de Metais de Londres (LME, na sigla em inglês), os
contratos futuros de três meses do cobre avançaram 2% em julho, para US$ 4.924
a tonelada, já o níquel subiu 12,9%, para US$ 10.630, e o zinco ganhou 6,7%,
terminando cotado em US$ 2.242,50. O alumínio registrou o pior desempenho, leve
alta de 0,5% para US$ 1.643.
O Commerzbank lembra, em relatório, que o mercado
internacional de cobre ainda se encontra com falta do metal, o que pode
continuar impulsionando a cotação. No geral, o repique dos metais também é
influenciado pelas expectativas de estímulos à economia por parte da China.
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