Vale capta US$ 1 bi para pagar dívida de 2017

A Vale captou ontem US$ 1 bilhão com uma emissão de bônus
com vencimento em 2026, oferecendo aos investidores retorno de 6,25%. A demanda
pelos papéis teria superado US$ 3 bilhões, segundo fontes de mercado. A emissão
foi feita por meio da Vale Overseas e os títulos são garantidos pela Vale.

Esses bônus têm vencimento em 10 de agosto de 2026 e foram
emitidos com um spread de 470,3 pontos-base sobre os títulos do Tesouro dos
EUA. O retorno é equivalente ao dos bônus que vencem em janeiro de 2017 que a
companhia irá honrar com parte dos recursos da captação. A vantagem, comentou
uma fonte, é que a empresa está alongando essa dívida por dez anos. Há US$
1,250 bilhão de bônus 2017 no mercado

Analistas do UBS escreveram em relatório que, com a emissão,
a Vale deve conseguir reduzir um pouco a despesa de juros anual, porém eles
acreditam que o objetivo provável é alongar vencimentos antes da queda dos
preços do minério de ferro no segundo semestre deste ano.

Na abertura da oferta, a mineradora propôs aos investidores
retorno na margem de 6% a 6,5%, conforme informação de fontes. Esta é a segunda
operação de captação por meio da emissão de bônus feita pela empresa este ano.
Em 7 de junho, a Vale emitiu US$ 1,25 bilhjão em bônus com vencimento em 2021,
oferecendo retorno de 5,875%.

De acordo com fonte, a companhia aproveitou a última janela
para emissões de dívida antes das férias no Hemisfério Norte. As condições são
bastante positivas, acrescenta a fonte, já que o contrato de proteção contra o
calote do Brasil, o credit default swap, está abaixo de 300 pontos-base.

Os papéis da Vale tiveram ganhos de 4,61% (ON) e de 5,53%
(PNA) no pregão de ontem, puxados pelo sucesso da oferta de títulos de dívida.

Desinvestimento: No mesmo dia em que a emissão foi feira, o
presidente da Vale, Murilo Ferreira, reafirmou em evento no Rio que a empresa
pretende cumprir a meta de desinvestimentos para este ano com mais duas
operações. A meta da companhia é de desfazer de até US$ 15 bilhões em ativos.

Mineradora avalia a
venda futura de 3% de sua produção de minério

Estadão – Companhia, que tem uma dívida líquida de US$ 27,5
bilhões, planeja levantar até US$ 10 bi com venda antecipada

A mineradora Vale avalia levantar até US$ 10 bilhões com
venda de até 3% de sua produção futura de minério de ferro, disseram duas
fontes familiarizadas com o assunto. Sob os termos do acordo, a maior produtora
global de minério de ferro poderá receber pagamentos adiantados por um fluxo de
produção futura da commodity para empresas chinesas, cujos nomes as fontes não
revelaram.

A ideia é fechar contrato para venda de parte da produção
por um período de até 30 anos, disseram as mesmas pessoas.

Essa modalidade de negociação está entre as várias
alternativas que o presidente executivo da Vale, Murilo Ferreira, busca para
reduzir a dívida líquida da companhia, que somou cerca de US$ 27,5 bilhões em
30 de junho. No início do ano, ele afirmou que a empresa considerava a venda de
ativos essenciais para reduzir seu endividamento em US$ 10 bilhões. Procurada,
a Vale não comentou o assunto.

Os contratos de venda de fluxo de produção permitem que as
mineradoras levantem recursos em ciclos de preços em baixa, garantindo receita
sem se desfazer do controle de suas minas. Outras mineradoras, como a Glencore
e a Barrick Gold, já realizaram acordos parecidos, para reduzir custos visando
enfrentar efeitos da desaceleração da economia chinesa e declínio no preço das
commodities.

Em dezembro passado, os preços do minério de ferro atingiram
o menor nível em 10 anos.

Produção. Para este ano, a expectativa da Vale é produzir
cerca de 340 milhões de toneladas de minério de ferro, ante um volume de 346
milhões no ano passado. As vendas de minerais ferrosos da companhia renderam U$
16,8 bilhões em 2015.

O potencial acordo para venda antecipada de minério de
ferro, se concretizado, ocorreria nos mesmos moldes do anúncio feito pela Vale
na terça-feira. A mineradora havia informado que venderá, em menor proporção,
parte adicional do ouro contido em concentrado de cobre produzido na mina de
Salobo, no Pará. O negócio envolve pagamento inicial em dinheiro de US$ 800
milhões.

Venda de ativos: O projeto de desinvestimento da Vale
continua nos planos da companhia. A unidade de fertilizantes da mineradora está
sendo negociada com a norte-americana Mosaic. A transação pode ser anunciada
nos próximos meses, disseram as fontes. Nas últimas semanas, contudo, surgiram
especulações no mercado de que a Vale poderia reavaliar a venda de alguns de
seus ativos de minério de ferro, que respondem por 65% da receita anual.

Vale muda processo
operacional em minas

Valor Econômico – Empresa prevê resultado adicional de até
US$ 2 bi com mudança no sistema de beneficiamento

A decisão da Vale de ampliar de 40% para 70% o
beneficiamento a seco – sem água – de minério de ferro vai permitir à empresa
reduzir o uso de barragens e produzir menos 700 milhões de toneladas de
rejeitos até 2025. A mineradora reformulou de forma drástica seu plano de lavra
segundo o qual parte das barragens que seria construída até o fim da década foi
adiada e cancelada. Esse plano se apoia em dois pilares: competitividade e
sustentabilidade. Como resultado, cria-se um valor adicional de US$ 2 bilhões
para a empresa, disse ao ValorPRO, serviço de informações em tempo real do
Valor, o diretor-executivo de ferrosos e estratégia da Vale, Peter Poppinga.

O avanço da Vale no beneficiamento do minério a seco tem
como uma das razões a questão ambiental. Nos últimos anos, a Vale teve
dificuldades na obtenção de licenças ambientais. E o tema tornou-se mais
sensível após rompimento da barragem da Samarco, controlada por Vale e BHP
Billiton, em 2015. Poppinga disse que beneficiar mais minério a seco é um plano
que já existia antes do caso Samarco. Mas o acidente em Mariana (MG) tornou
mais premente a necessidade de encontrar alternativas. Estamos acelerando
[o beneficiamento a seco] porque não há mais dúvidas de que temos que ir por
esse caminho.

Outra variável importante é a situação de mercado da
siderurgia mundial que passa por fase de baixo crescimento. Como consequência,
as siderúrgicas não estão demandando tanto minério com alto teor de ferro, que
garante maior produtividade. Abre-se oportunidade, portanto, para os minérios
de teor médio de ferro uma vez que o produto mais nobre – como o de Carajás –
está com os prêmios deprimidos pelo contexto de mercado. É esse minério de teor
médio que será processado a seco, reduzindo a necessidade futura do uso de
barragens. Nesse contexto, a estratégia da Vale é fazer blends no
seu centro de distribuição da Malásia e cada vez mais na China, misturando
minério mais rico (de Carajás) com o de menor teor.

Na Vale como um todo, o processamento a seco vai aumentar de
40% para 70% até 2020. Mas só em Minas Gerais o aumento será de 20% para 50%.
Poppinga disse que em Mariana e no complexo de Paraoapeba, ambos em Minas
Gerais, a Vale vai chegar progressivamente a 100% de beneficiamento a seco. A
Serra Norte de Carajás, no Pará, também vai operar 100% a seco nos próximos
dois a três anos. O S11D, maior projeto da companhia, já nasce operando sem o
uso de água no beneficiamento.

Poppinga afirmou que não é possível, porém, abandonar
totalmente o uso de barragens. Quando o minério de ferro é muito pobre ou há
necessidade de geração de finos de minério para alimentar as pelotizações
precisa haver concentração e beneficiamento com o uso de água, o que gera
rejeitos. No total, a Vale tem 145 barragens de ferrosos, das quais 102 em
operação e 42 inativas. Em duas dessas barragens inativas, Gelado (PA) e Feijão
(MG), pretende recuperar rejeitos ricos em teor de ferro que podem ser
incorporados aos produtos vendidos pela empresa.

Em outra iniciativa resultante de mudança nas práticas
operacionais, a Vale vai começar a separar o rejeito grosso (uma espécie de
areia de praia) da lama fina. Antes tudo ia para as barragens. Agora a ideia é
jogar essa areia em cavas exauridas. No futuro, poderá ser possível reprocessar
a lama e incorporá-la ao minério para venda, mas essa é uma técnica que ainda
não está madura, disse Poppinga.

Segundo ele, todas as ações a serem desenvolvidas nos
próximos cinco anos vão permitir reduzir investimentos em novas barragens e
gastos em manutenção, criando ganho líquido para a Vale, trazido a valor
presente, de US$ 2 bilhões. No antigo plano de lavra, a empresa previa oito
novas barragens em cinco anos, das quais agora quatro foram adiadas, duas
canceladas e outras duas devem ser feitas.

Poppinga disse ainda que até 2025 a Vale não terá
necessidade de desenvolver projetos de porte, em termos de investimentos, para
repor minas que estarão exaurindo sua capacidade de produção. Ele também
afirmou que a transição para um maior volume de produção a seco não exigirá
investimentos em tecnologia. O processo é relativamente simples e não exige
grandes adaptações das plantas. A Vale vai simplificar processos. Hoje, no
processamento que usa água, são necessárias várias etapas: britagem,
peneiramento, flotação e concentração. No processamento a seco, o minério passa
só por britagem e peneiramento. Depois de ser pega no contrapé, com
preços em queda e um pesado programa de investimentos ainda por cumprir, a Vale
espera sair mais forte da atual transição. Poppinga disse que a empresa tem
flexibilidade para aumentar os volumes de Carajás se for preciso e o mercado
demandar. E deve produzir acima de 420 milhões de toneladas por ano a partir de
2018.

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