Bancos privados ameaçam não financiar novas concessões

Bancos privados dizem que não pretendem financiar as novas
rodadas de concessões em infraestrutura se os problemas dos atuais
empreendimentos lhes trouxerem perdas. Segundo o executivo de uma dessas
instituições, a oferta de crédito para as próximas rodadas poderia cair
drasticamente e o governo sabe dessa possibilidade. “Por isso, há esforço em
tentar mitigar esse risco. ”

Segundo esse executivo, as grandes casas – Banco do Brasil,
Itaú, Bradesco e Santander – têm exposição bilionária por terem oferecido garantias
para a concessão dos empréstimos-ponte do BNDES. Assim, se as empresas não
conseguirem o crédito de longo prazo, essas garantias serão executadas e bancos
terão de absorver essas perdas.

Ciente desse risco de calote, o Banco Central já vem
monitorando o mercado para garantir que eventuais perdas sejam provisionadas.
As provisões, porém, estão longe de cobrir totalmente as possíveis perdas.

Questionado sobre a possibilidade de um impasse, o executivo
de outro banco privado reconheceu que as instituições privadas poderiam, no
limite, oferecer crédito privado de longo prazo. O problema, comenta, é que
isso não resolveria o problema, já que as condições seriam muito diferentes das
prometidas pelo BNDES. “A um consórcio saudável, seria possível oferecer crédito
de dez anos com juro atrelado ao Certificador de Depósito Interbancário (CDI).
O problema é que essas concessões foram pensadas para ter crédito atrelado à
Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP) mais um pequeno spread”, diz o executivo. O
CDI acompanha a taxa Selic que atualmente está em 14,25%. Já a TJLP está em
7,5%.

A mesma preocupação sobre o futuro das concessões é vista
nas próprias concessionárias. “Sem resolver a terceira rodada de concessões,
não tem as seguintes”, afirmou o ex-ministro dos Transportes César Borges,
atual presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias. Ele
se refere às concessões rodoviárias do governo de Dilma Rousseff, conduzidas
por ele próprio. “Não adianta fazer roadshow, porque vão perguntar por que não está
dando certo e por que agora vai ser diferente. ”

Os ministros dos Transportes, Maurício Quintella, de Minas e
Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, e o secretário executivo do Programa de
Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, estão nesta semana em Londres,
apresentando as novas concessões a investidores do mercado financeiro e a
operadores de infraestrutura. Na semana que vem, farão o mesmo em Tóquio.

Mas nem todas as concessionárias estão com o
empréstimo-ponte vencido. A BH-Airport, que administra Confins, por exemplo,
ainda está recebendo parcelas do financiamento de R$ 405 milhões autorizado em
2015. Nas rodovias, a concessionária MGO, que administra trecho da BR-050 entre
Minas e Goiás, é uma exceção e conseguiu o financiamento de longo prazo do
BNDES.

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