Parte do segundo trecho do VLT começará a operar em
novembro. A promessa foi feita ontem pelo secretário municipal de Transportes,
Alexandre Sansão, no dia em que a inauguração da primeira linha do transporte
completou quatro meses. Segundo ele, o início dos trabalhos será entre a Praça
Quinze e a Saara, na Praça da República. O serviço integral, que vai até a Central
do Brasil, só deve ser aberto à população no fim do ano ou no início de 2017.
Também serão inauguradas no próximo ano as estações São Diogo, Itamaraty,
Camerino e Santa Rita, que fazem parte da terceira fase do sistema.
— Os testes sem passageiros (no segundo trecho) começam este
mês. Em novembro, passageiros poderão embarcar, e a operação será ampliada de
forma gradativa, assim como aconteceu com a primeira linha inaugurada. O
serviço começa com horários reduzidos, intervalos mais longos entre os trens e
vai aumentando aos poucos. Talvez seja mais rápido do que foi na primeira
etapa, porque agora o carioca já está mais acostumado com o VLT — afirma
Sansão.
EM FASE DE ACABAMENTO
Quando o segundo trecho estiver inaugurado, a integração com
o primeiro, pelo Bilhete Único Carioca, poderá ser feita em até uma hora pelos
passageiros, sem que seja cobrada uma nova passagem (R$ 3,80).
Pelas ruas por onde o bonde moderno vai passar nesta nova
fase, já se vê quase tudo pronto, mas ainda faltam detalhes, como a cobertura
dos pontos de parada e a instalação de vidros e alguns acabamentos. De acordo
com o cronograma disponível no site do Porto Maravilha, vinculado à Companhia
de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp), responsável pela
construção da linha, as obras já deveriam ter sido encerradas no dia 30 de
agosto.
Outro trecho que também está com o cronograma atrasado é a
extensão da Linha 1, entre a Gamboa e a Parada dos Navios, na Avenida Rodrigues
Alves. As obras deveriam ter sido entregues no dia 30 de setembro, mas quem
passa por lá fica com a sensação de que ainda falta muito. Segundo comerciantes
da região, a concessionária parece enfrentar problemas com a tubulação de
esgoto. Nesta parte da cidade, a Cdurp está refazendo todo o sistema de
drenagem das ruas, de passagem de água e esgoto e de cabeamento de
telecomunicações. De acordo com a companhia, 93% das obras estão concluídas.
COMERCIANTES RECLAMAM
Na Rua Pedro Ernesto, que fica no trecho entre a Gamboa e a
Parada dos Navios, a tubulação de esgoto ainda está toda aparente, sofrendo
reparos. Comerciantes dizem que as obras são feitas e refeitas o tempo todo:
— Já abriram e fecharam a rua para mexer na tubulação mais
de dez vezes. Não consigo mais entender essa obra. Já são dois anos passando
por isso — diz José Roberto Bastos, funcionário de um dos bares da rua. — O
movimento aqui caiu mais de 70%.
Porteiro do prédio de número 37 da Pedro Ernesto, Valdo
Vieira também afirma que as obras estão sendo refeitas:
— Enquanto isso, a rua fica assim, não passa carro. É um
lamaçal que mal dá pra andar.
Em nota, a Cdurp afirma que a Rua Pedro Ernesto não foi
refeita várias vezes. Segundo o órgão, o processo descrito pelos comerciantes
refere-se à preparação da base e da sub-base do pavimento, além da execução das
migrações das redes de água e esgoto. Ainda segundo a companhia, realmente
houve um vazamento de esgoto na esquina da Praça da Harmonia, já consertado, e
um trecho de calçada passa por reparo para adequação de questões relacionadas à
acessibilidade.
BATEDORES SERÃO RETIRADOS
No trecho já em operação do VLT, mais mudanças devem começar
a ser implementadas gradativamente. Os batedores, que percorrem a linha de
moto, à frente dos trens, devem começar a ser retirados até o fim do ano,
segundo o secretário Sansão:
— Os batedores ainda vão trabalhar por algum tempo. Em
novembro, vamos começar a testar a operação de composições sem eles, sempre em
horários alternativos aos de pico. Se tudo correr bem, vamos retirando as motos
aos poucos.
O secretário faz um balanço positivo dos primeiros meses do
serviço. Segundo ele, até agora o VLT já transportou 2,7 milhões de pessoas,
tendo o seu pico na Olimpíada, quando chegou a receber 36 mil usuários por dia.
A demanda normal, diz ele, é de 20 mil a 25 mil passageiros diariamente. Em
relação à fiscalização iniciada em 5 de setembro, a Guarda Municipal autuou 483
passageiros que não pagaram a tarifa. A multa custa R$ 170 (R$ 255 em caso de
reincidência).
— Para nós é gratificante ver o resultado do trabalho
técnico, pois até agora não tivemos nenhum acidente com vítimas. Isso mostra
que nossa opção por operar aos poucos foi bem sucedida — afirma Sansão.
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