As altas nos preços das commodities minerais e metálicas –
que impulsionaram o resultado da Vale no terceiro trimestre – podem levar a
mineradora a reavaliar a venda de participações em seus negócios prioritários,
incluindo o minério de ferro, se as condições de mercado continuarem
favoráveis. Em fevereiro, a Vale indicou que poderia vender atividades
“core” dentro da estratégia de reduzir sua dívida líquida em US$ 10
bilhões até 2017. O objetivo ainda está sobre a mesa, mas com a melhoria nos
preços do minério de ferro, do níquel, do cobre e do carvão a venda pode
ocorrer de forma mais cautelosa, em etapas.
“Estamos avaliando constantemente o que será de melhor
interesse da Vale”, disse ontem o presidente da mineradora, Murilo
Ferreira. Ele fez o comentário em teleconferência para discutir os resultados
da empresa no terceiro trimestre, quando foi beneficiada pela alta nos preços e
também pelo aumento dos volumes de produção e de vendas. De julho a setembro, a
receita somou R$ 23,7 bilhões, alta de 2% sobre igual período de 2015; o lucro
antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) totalizou R$ 9,8
bilhões, aumento de 44% sobre mesmo trimestre de 2015; e o lucro líquido ficou
em R$ 1,8 bilhão, ante prejuízo de R$ 6,6 bilhões no terceiro trimestre de
2015. A ação ordinária da Vale fechou cotada a R$ 22 ontem, alta de 1,06% sobre
a véspera, enquanto a ação preferencial, cotada a R$ 20,72, caiu 0,38%.
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Ferreira disse que o objetivo da Vale é reduzir a dívida
líquida para algo entre US$ 15 bilhões e US$ 17 bilhões até o fim de 2017. A
empresa terminou o terceiro trimestre com dívida líquida de US$ 25,9 bilhões. A
estratégia passa pela venda de ativos. Em apresentação a investidores, em
setembro, a Vale reafirmou que pode arrecadar de US$ 5 bilhões a US$ 7 bilhões
com a venda de fatia no negócio de carvão para a Mitsui, além de navios, ativos
de energia e fertilizantes. Há ainda transações potenciais com ativos
“core”, entre US$ 4 bilhões e US$ 6 bilhões. É essa parte que,
dependendo das condições de mercado, pode ser reavaliada.
Ontem, a Vale informou, na teleconferência, que tem
negociações em andamento na área de fertilizantes e espera anunciar a transação
antes do fim do ano. Ferreira disse que está confiante no fechamento da
operação de carvão com a Mitsui. “É uma questão de poucas semanas,
possivelmente em novembro vamos assinar o acordo final com a Mitsui”,
afirmou.
Um ponto que surpreendeu positivamente o mercado, no
terceiro trimestre, foi a redução de custos. O custo de produção da Vale de
minério colocado no porto (FOB) caiu de US$ 13,2 no segundo trimestre para US$
13 no terceiro trimestre deste ano. “Se esperaria uma alta, devido à apreciação
do real [frente ao dólar, no período], mas o que ocorreu foi o contrário, uma
queda, porque em reais o custo diminuiu ainda mais, compensando a apreciação do
real”, disse o diretor-executivo de finanças da Vale, Luciano Siani, em
vídeo divulgado pela companhia. Pelo terceiro trimestre consecutivo, a Vale não
deu entrevista à imprensa para comentar os seus resultados.
Aos analistas, Ferreira disse que a empresa tem a ambição de
entregar minério de ferro na China ao custo de US$ 25 por tonelada, o que ainda
não deve ocorrer em 2017 e 2018. No terceiro trimestre, o custo total dos finos
de minério entregues na China ficou em US$ 29,6 por tonelada. O objetivo de
redução de custos no minério depende do S11D, o maior projeto de minério de
ferro da Vale, no Pará, previsto para fazer os primeiros embarques no começo de
2017.
De julho a setembro, a Vale realizou preço médio de US$
50,95 por tonelada para os finos de minério de ferro (FOB), alta de 9,61% em
relação a igual período de 2015, quando o preço realizado ficou em US$ 46,48
por tonelada.
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