Lula propõe usar US$ 100 bi de reservas para infraestrutura

O ex-presidente Luiz Inácio da Silva (PT) defendeu ontem que
a receita para a retomada do crescimento econômico deve passar por uma injeção
de investimentos da União e que os recursos para isso devem ser retirados das
reservas internacionais.

Lula voltou a falar da possibilidade de se candidatar à
Presidência em 2018, com uma plataforma econômica que incluiria expansão de
investimentos e de crédito para famílias de baixa renda. O ex-presidente é réu
em três ações penais e pode ficar inelegível se condenado por órgão colegiado
do Judiciário.

Em dois dias de encontros e atos públicos em Belo Horizonte,
Lula pareceu estar em campanha. Ontem pela manhã, em uma grande área ocupada
por 8 mil famílias na cidade, ele subiu em palanque, pegou crianças no colo,
entrou na casa de uma moradora e foi saudado como candidato.

Antes, em entrevista à Rádio Itatiaia, defendeu um programa
de retomada do crescimento conduzido pelo Estado.

Disse que os bancos públicos precisam adotar uma política de
mais crédito para famílias mais pobres e criticou a decisão do Banco do Brasil
de reduzir o número de agências pelo país. “Nós estamos no momento que nós
temos que abrir mais agências, [para] que o povo tenha acesso a dinheiro.”

O ponto central, segundo disse, é recuperar a condição do
Estado como “indutor” do crescimento.

“O Brasil precisa voltar a crescer urgente e o Brasil
só vai crescer se a União voltar a fazer investimento. Nós temos US$ 300
bilhões de reserva [o último balanço do Banco Central registra US$ 372,5 bilhões].
Pega US$ 100 bilhões da reserva que está aplicada em dólar rendendo juro abaixo
de zero, vamos transformar em reais e aplicar em obra de infraestrutura”,
disse ele na entrevista.

No início do ano, a ideia já havia sido defendida pelo PT e
suscitou críticas entre economistas e oposição, que apontavam que a saída
poderia desarranjar ainda mais as contas do país.

Tanto nos discursos quando na entrevista, Lula insistiu na
mensagem de que foi capaz de lidar com momentos de crise econômica e que
saberia fazê-lo novamente. A certa altura, ao falar da ex-presidente Dilma
Rousseff (PT), apontou o que considerou um erro: expandir para quase R$ 500
bilhões as desonerações e isenções a empresas. “Eu, se fosse a presidente
Dilma na época, teria acabado com a desoneração para o Estado poder voltar a
arrecadar.”

Lula acusou o presidente Michel Temer de não apontar saída
para reaquecer a economia e que há “incompetência” para lidar com a
crise. Mas se disse contrário à ideia de embalar um pedido de impeachment.
“O problema não é tirar mais um presidente. Já teve um golpe contra a
Dilma.”

Sobre 2018, disse – como em outras vezes – que gostaria de
surgisse uma alternativa mais jovem para disputar a Presidência, mas que
“se necessário” será candidato para ganhar. “E para provar que
esse país não precisa estar na desgraceira que está.”

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