Pressionada pelo resultado negativo do PIB, a equipe econômica vai acelerar a elaboração de medidas microeconômicas para ajudar no processo de retomada do crescimento. O foco do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, continuará sendo a aprovação dos projetos fundamentais de ajuste fiscal (PEC do teto de gasto e reforma da Previdência), mas a área técnica foi orientada a fechar com urgência um cronograma de anúncio de medidas que facilitem o ambiente de negócios.
É uma resposta à pressão que cresceu nas últimas semanas para que o Ministério da Fazenda reverta o quadro de perda de confiança na economia, que ganhou espaço à medida que ficou mais claro que a recuperação do PIB virá de forma mais lenta.
Parte das críticas vem do próprio Palácio do Planalto, que tem cobrado uma agenda econômica mais ativa, até para contrapor à crise política que se acentuou depois da queda do ministro Geddel Vieira Lima.
Sem margem para atender medidas de estímulo ao crédito subsidiado, Meirelles quer também criar as condições para acelerar as concessões. A renegociação das dívidas das empresas é vista como fundamental para a reversão do quadro econômica. “O PIB é passado. Daqui a três meses começarão a sair dados melhores e o quadro vai começar a melhorar. Os agentes econômicos vão começar receber notícias concretas, e não mais expectativas”, disse um integrante da equipe econômico.
Nos próximos dias, cerca de 80 funcionários da Fazenda, Planejamento e Casa Civil se reúnem com o Banco Mundial para discutir gargalos identificados pela instituição. A ideia é fechar um cronograma de ações, como simplificações tributárias, melhorias logísticas e facilitação de exportações e importações, informou o secretário de Acompanhamento Econômico, Mansueto Almeida.
Segundo ele, serão adotadas medidas administrativas e também elaborados projetos de leis que serão enviados ao Congresso. “Essa será uma das agendas mais importantes dos próximos meses”, afirmou.
A equipe econômica não considera lançar mão de medidas que foram adotadas no passado para estimular o consumo – como, por exemplo, a liberação de depósitos compulsórios ou novas desonerações tributárias.
A retomada do crescimento só deve ocorrer no primeiro trimestre de 2017, admitiu o secretário de Política Econômica da Fazenda, Fábio Kanczuk. Segundo ele, a recessão está arrefecendo, apesar de o ritmo de queda do PIB no terceiro trimestre (-0,8%) ter acelerado em relação ao período de abril a junho (-0,4%). “O movimento mais longo é de aceleração econômica”, afirmou.
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