Planos de Mac Dowell incluem assumir metrô e reduzir velocidade no BRS

Anunciado nesta quinta-feira pelo prefeito eleito Marcelo
Crivella como futuro secretário municipal de Transportes, o engenheiro Fernando
Mac Dowell, um dos responsáveis pela implantação do metrô do Rio no fim da
década de 70, aposta na municipalização do sistema como forma de ampliar o
número de usuários do serviço. Vice-prefeito eleito, ele acrescentou que
analisa a possibilidade de reduzir para 40 quilômetros por hora a velocidade
máxima dos ônibus que circulam atualmente pelos corredores de BRS. A lista de
projetos para a nova gestão inclui ainda a redução do valor da tarifa (hoje a
R$ 3,80) dos BRTs.

A ideia de Mac Dowell é que as linhas 1, 2 e 4, operadas
pela concessionária Metrô Rio, passem a receber orientações da prefeitura e não
mais do estado, como acontece hoje. A operação do sistema é fiscalizada pela
Agência Reguladora dos Serviços Públicos Concedidos de Transportes (Agetransp).
Para o futuro secretário, a criação da Linha 1-A (que permitiu que as
composições da Linha 2 circulem entre Pavuna e Botafogo) acabou criando um
gargalo no serviço.

— Além disso, foi dispensado todo o sistema de pilotagem
automática da Linha 2. Isso não pode. Então, quero arrumar algumas coisas —
afirmou o engenheiro. — Estamos estudando a possibilidade de a prefeitura
assumir o metrô do Rio. O metrô está com a capacidade menor por limitações
operacionais. Eu poderia ter 1,78 milhão de passageiros no sistema, que hoje
atende cerca de 700 mil por dia.

REDUÇÃO DE INTERVALOS

Na avaliação de Mac Dowell, os trens que circulam tanto na
Linha 1 como na 2 perdem em velocidade comercial. Como a Linha 2 não é
automatizada, isso obriga os condutores a trafegarem mais lentamente, no trecho
da Pavuna até a Praça Onze, que no restante da viagem na Linha 1, operada com
piloto automático. A ideia seria que as composições da Linha 1 não circulassem
no outro trecho. Isso faria com que os intervalos fossem menores, ampliando a
oferta de assentos.

Hoje, entre Central e Botafogo, o intervalo é de dois
minutos e 15 segundos. Fora desse trecho, em horários de pico, os trens passam
a cada quatro minutos e 30 segundos.

A proposta para o metrô, no entanto, não foi bem recebida
pelo estado. O secretário estadual de Transportes, Rodrigo Vieira, disse que o
governo tem interesse em discutir parcerias com a futura administração,
inclusive a municipalização de alguns serviços, mas não em repassar a gestão
estratégica do metrô para a prefeitura.

— O estado tem interesse em buscar soluções para ampliar o
metrô até a Alvorada, o Recreio e Jacarepaguá ou a Gávea (conclusão da Linha
4), por exemplo. Pensamos ainda em municipalizar a operação de serviços
aquaviários (Praça Quinze-Paquetá e Praça Quinze-Ilha do Governador), o
teleférico do Alemão e os bondes de Santa Teresa. Porém, entendemos que em
nenhum lugar do Brasil o metrô é municipal. A gestão ou é estadual ou é
federal, por exigir aportes grandes de investimentos — ressaltou Vieira.

TARIFA MAIS BAIXA NOS BRTs

Segundo Rodrigo Vieira, o futuro secretário municipal de
Transportes ainda não o procurou para discutir as parcerias. Já a Metrô Rio
preferiu não se manifestar sobre a ideia de Mac Dowell, por entender que é
apenas a concessionária do serviço.

A Linha 1-A foi implantada como parte de um acordo firmado
pelo ex-governador Sérgio Cabral com o consórcio que opera o metrô, em 2007,
prorrogando por 20 anos (de 2018 para 2038) a concessão do sistema. Em troca,
uma série de investimentos no sistema foi anunciada pela operadora. Entre eles,
estava a compra de novos trens. A concessionária também arcou com a implantação
da ligação direta entre as linhas 1 e 2 (de São Cristóvão à Central do Brasil)
e a construção da estação Cidade Nova. O novo trecho foi aberto em 2011.

Quanto aos BRTs, Mac Dowell estuda se caberia cobrar pelas
viagens uma tarifa menor que a do bilhete único (R$ 3,80). Segundo ele, os
quatro consórcios de empresas de ônibus do Rio que operam em pool os BRTs têm
um lucro maior nesses corredores exclusivos, sem que isso se reflita no preço
das passagens:

— Estamos examinando a tarifa dos BRTs. Os BRTs têm um custo
operacional 31% mais baixo, e fica por isso mesmo? Vou discutir com as
concessionárias a redução da tarifa. Não tenho nada contra o BRT. O que tenho
contra é não passar os benefícios aos usuários. Isso é que tem que que ser
feito. Estamos fazendo os cálculos.

O futuro do BRT Transbrasil também está sendo avaliado pela
futura equipe de transportes. O corredor expresso de ônibus entre Caju e
Deodoro começou a ser construído na atual administração, mas está com obras
paralisadas desde julho, quando faltavam executar cerca de R$ 500 milhões em
serviços. Mac Dowell praticamente descartou a possibilidade de uma ampliação
futura do Transbrasil até o Centro. A ideia constava do projeto original da
prefeitura.

— Vamos estudar o que faremos com o BRT Transbrasil. Esse
BRT foi feito muito em cima da SuperVia. Se a SuperVia ficar maravilhosa como
está ficando, a ferrovia vai ganhar. Então precisamos encontrar um equilíbrio,
para não provocar falência — disse ele.

Por meio de nota, o consórcio BRT Rio informou que, na
contramão da análise feita por Mac Dowell, o sistema acumula uma dívida de R$
7,3 milhões este ano devido à queda do número de passageiros e a um aumento de
35% dos custos. O texto ressalta que “houve uma expansão do sistema, sem que as
projeções de passageiros se concretizassem”. O consórcio afirmou ainda que está
aberto ao diálogo com as autoridades, para garantir a qualidade do serviço.

VELOCIDADE MENOR NO BRS

Para o BRS, a ideia de Mac Dowell é reduzir a velocidade a
40km/h:

— Os ônibus não podem trafegar na velocidade louca que estão
trafegando. A velocidade tem de ser reduzida. Hoje está muito alta. Chega a 70,
80 quilômetros por hora. Se o motorista perde a direção, faz strike com as
pessoas. Quarenta quilômetros por hora é a velocidade factível.

Fonte:  O Globo

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