A Suzano Papel e Celulose anunciou ontem um novo reajuste de
US$ 20 por tonelada para a celulose de eucalipto vendida na China, o terceiro a
ser aplicado desde o início de outubro. A alta valerá em 1º de janeiro e, com o
anúncio da companhia, que foi a primeira a subir novamente os preços no mercado
chinês, a cotação de referência chegará a US$ 570 por tonelada.
Ao mesmo tempo, a Suzano estabeleceu novos preços de
referência para a matéria-prima vendida na Europa e na América do Norte também
a partir de janeiro. No mercado europeu, o preço subirá a US$ 680 a tonelada e
na América do Norte, a US$ 860 a tonelada. Conforme a companhia, os fundamentos
de mercado neste momento suportam os reajustes – entre os produtores, os
comentários são os de que os grandes compradores estão ativos no mercado, com
demanda sazonalmente satisfatória e estoque baixo nos compradores.
No início do mês, a Fibria, maior produtora mundial de
celulose de eucalipto, já havia anunciado novos preços para Europa e América do
Norte, válidos em janeiro e com aumento em relação aos valores atuais. Em
junho, quando houve o último reajuste nesses dois mercados, as cotações de
referência chegaram a US$ 710 a tonelada na Europa e US$ 870 a tonelada nos
Estados Unidos. Nos meses seguintes, porém, os preços mantiveram-se
pressionados e houve desvalorização em todos os mercados.
Os dois reajustes já aplicados na China – em outubro e em
dezembro – estão se refletindo em preços à vista mais elevados do que os
verificados em meados de setembro, quando caíram para algo perto de US$ 480 a
tonelada. De acordo com a consultoria Foex, na última semana, a alta foi de quase
US$ 4, ou 0,75%, para US$ 523,80 a tonelada. Já no mercado europeu, que somente
sentirá os efeitos do reajuste no mês que vem, a cotação média ficou estável em
US$ 653,50.
Para os analistas Andreas Bokkenheuser e Marcio Farid, do
UBS, porém, os fatores que hoje dão sustentação às cotações da celulose têm
caráter temporário e a demanda chinesa deve arrefecer a partir do momento em
que a fábrica OKI, da Asia Pulp & Paper (APP), tenha produção comercial.
Nesse momento, os compradores tendem a consumir seus estoques à espera de
preços mais baixos.
Em relatório de ontem, os analistas destacaram a recente
recuperação dos preços da celulose na China, das mínimas de US$ 460 a US$ 480 a
tonelada para cerca de US$ 500 a US$ 510 por tonelada, diante da aplicação da
segunda rodada de reajustes. Esse movimento foi possível, explicaram, graças ao
atraso na fábrica da APP, aos estoques relativamente baixos dos compradores e à
antecipação de formação de estoques tendo em vista o Ano Novo chinês, no fim de
janeiro. “São todos fatores temporários”, ponderaram.
Na Europa, a expectativa segundo operadores é a de preços
estáveis em dezembro, assim como ocorreu entre outubro e novembro. “Embora
os preços à vista na Europa estejam abaixo dos valores na China, operadores
acreditam que um aumento de preços é improvável uma vez que os estoques nos
portos estão elevados e a demanda permanece fraca em dezembro”, disseram.
No curtíssimo prazo, os analistas acreditam que os produtores vão redirecionar
volumes de celulose da Europa para a China para tirar vantagem do preço mais
alto.
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