O grupo ítalo-argentino Ternium está conversando com a
japonesa Nippon Steel para tentar resolver o litígio no bloco de controle da
Usiminas, que já dura mais de dois anos. Em entrevista ao ‘Estado’, Daniel
Novegil, presidente global da Ternium, disse que a proposta da empresa é
incluir no acordo de acionistas da siderúrgica um mecanismo de mediação de
conflitos. A ideia é propor uma “cláusula de saída”, por meio da qual um dos
sócios poderá comprar a participação do outro, prevalecendo a regra do melhor
preço.
Os dois sócios entraram em colisão em setembro de 2014 e,
desde então, a relação entre eles azedou. Na semana passada, a Ternium recorreu
à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para pedir que o órgão reconheça a
decisão tomada em maio pelo conselho de administração do grupo e reconduza o
executivo Sergio Leite à presidência da siderúrgica.
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Após decisão da Justiça de Minas Gerais, Leite teve de
deixar o posto em outubro. Foi substituído por e Rômel de Souza, nome indicado
pela Nippon. A Ternium recorreu da decisão, que ainda não foi analisada, e
deverá levar o processo ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), caso a sentença
seja pela manutenção de Souza no posto.
Segundo Novegil, desde que a Ternium ingressou no bloco de
controle da siderúrgica mineira, no fim de 2011, com a compra das fatias da
Votorantim e Camargo Corrêa por US$ 2,7 bilhões, a percepção era de que a
Usiminas necessitava de uma gestão de longo prazo. Pelo bom relacionamento com
a Nippon (os dois grupos também são sócios no México), foi acertado, à época,
um acordo por consenso nas decisões da siderúrgica. No México, contudo, a
Ternium é majoritária no negócio, com 51%. “A parceria no México é muito boa e
de êxito para as partes”, disse.
As tentativas de acordo no Brasil, no entanto, não têm sido bem-sucedidas.
Ninguém quer abrir mão da Usiminas, segundo fontes. As duas partes voltarão a
conversar em janeiro (não há data fechada).
Novegil é enfático ao dizer que Leite é, neste momento, o
melhor nome para assumir a presidência da Usiminas. “Não acredito que a Nippon
esteja agora em uma posição favorável. É do interesse dela que a Usiminas tenha
o melhor CEO possível”, disse. Souza assumiu a presidência da Usiminas em outubro
de 2014, quando o conselho da siderúrgica afastou do cargo Julián Eguren e
outros dois diretores, que haviam sido indicados pela Ternium. Como a decisão
não foi por consenso, deu origem à briga societária, a maior em curso no País.
A Ternium disse que está disposta a negociar um acordo de
alternância de poder, como já propôs a Nippon, desde que a cláusula de saída
seja incluída no acordo de acionistas.
Cisão. Novegil descarta, no momento, uma cisão dos negócios.
No início do ano, chegou a circular a informação de que a Ternium ficaria com
os ativos da Usiminas em Cubatão, enquanto os japoneses ficariam com a unidade
de Ipatinga, conforme fontes de mercado.
Em abril deste ano, a CSN, do empresário Benjamin
Steinbruch, maior acionista fora do bloco de controle, voltou a ter assento no
conselho, por decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade),
complicando ainda mais a relação entre os acionistas da siderúrgica, que
reestruturou suas dívidas para evitar um pedido de recuperação judicial.
No Brasil, a Ternium é ainda apontada como uma possível
interessada na aquisição da Companhia Siderúrgica Do Atlântico (CSA), da alemã
ThyssenKrupp. Novegil disse que o Brasil é estratégico para a expansão dos
negócios da Ternium, uma vez que reforça sua posição na América Latina. No
entanto, não há nenhuma aquisição, neste momento, que possa ser anunciada.
Procuradas, a Nippon e Usiminas não comentam.
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