A situação delicada da Move São Paulo, concessionária da
linha 6 do metrô paulista, e suas repercussões sobre os investidores japoneses
foram tema de encontro recente do “Wise Man”, grupo empresarial que
reúne executivos de grandes empresas e de instituições do Brasil e do Japão. O
grupo se reuniu, em Tóquio, em outubro, dias antes da visita feita ao país pelo
presidente Michel Temer. A linha 6 do metrô paulista foi um dos temas
discutidos pelo grupo empresarial, que funciona como um conselho independente
que apoia empresas nipônicas no Brasil.
Brasil e Japão têm longa tradição comercial e diplomática e
o “Wise Man”, em suas reuniões, procura reforçar a importância da
parceria entre os dois países. Fontes diplomáticas dizem que as tradings
japonesas conhecem bem o Brasil e querem diversificar sua presença no país a
médio prazo. Já as operadoras nipônicas estão partindo para seus primeiros
negócios no país, como é o caso da West Japan Railway (JRW), sócia da Odebrecht
Mobilidade.
Uma fonte disse que o Japão tem forte programa de injeção de
liquidez via taxas de juros negativas, o que estimula investimentos no exterior
via bancos públicos e privados e também a tomada de risco por parte de
investidores, como grandes tradings e operadoras. Afirmou ainda que o Japão
está interessado em processo de diálogo que leve a mais investimentos no
Brasil. Segundo a fonte, o memorando de entendimento assinado entre os dois
países, por ocasião da visita de Temer, recoloca o Japão na rota de
investimentos no Brasil.
“Tradings e operadoras estão atentas à abertura dos
projetos de privatização é concessões do PPI [Programa de Parcerias de
Investimentos]”, disse a fonte. Um apoio importante para os investimentos
das empresas japonesas pode vir do JBIC (Banco Japonês para a Cooperação
Internacional). Em resposta ao Valor, o JBIC disse que tem interesse no
financiamento a obras de infraestrutura no Brasil. “Estamos acompanhando o
andamento do PPI e as atividades das empresas japonesas no Brasil.”
O montante do investimento futuro financiado pelo JBIC no
Brasil vai depender do grau de participação das empresas japonesas no PPI. O
saldo atual de financiamento do JBIC ao Brasil é de cerca de US$ 5,7 bilhões,
com base em dados de 31 de março. O banco identifica oportunidades para as
empresas japonesas nas áreas de mobilidade urbana, ferrovias, saneamento,
geração e transmissão de energia.
Seja o primeiro a comentar