Captação da CCR vai para compra de ativos

Após concluir uma captação de R$ 4,07 bilhões com uma oferta restrita de ações, o grupo de concessões CCR começa a desenhar o destino dos recursos. As prioridades são aquisições no mercado secundário – negócios já existentes – e novos investimentos em ativos do grupo por meio de aditivos contratuais. O mercado primário, via disputa de leilões, também está no alvo. “Vamos estudar o que aparecer, mas com muito cuidado”, disse ao Valor o presidente da CCR, Renato Alves Vale.


Nesta quarta-feira ocorre a entrega da documentação dos licitantes que participarão da disputa do lote rodoviário paulista “Centro-Oeste” e, no dia 16 de março, é a vez do leilão dos quatro aeroportos federais. Para ambos a CCR não tem posição fechada se vai ou não. “A decisão geralmente se dá um dia antes”, afirmou Leonardo Vianna, diretor de Novos Negócios da CCR.


“No mercado secundário existem oportunidades tanto aqui quanto fora do Brasil. Temos de acertar uma boa oportunidade, e, aí, não pode ter pressa”, afirmou Vale. A CCR já fechou acordos de confidencialidade e está estudando algumas possibilidades de aquisição. Dois negócios são públicos, foram divulgados em 2016 mas ainda não estão concluídos.


São eles a compra da fatia da Odebrecht na ViaRio – a concessionária da via expressa batizada de Transolímpica, que interliga bairros do Rio de Janeiro – e a compra da participação, também da Odebrecht, na ViaQuatro, responsável pela operação da Linha 4 do Metrô de São Paulo.


Nas concessões existentes da CCR, diz Vale, há necessidades “reais de investimentos importantes” em rodovias estaduais e federais – desde que haja uma decisão do poder concedente de firmar aditivos, pondera. Alguns ativos já contam com projeto executivo.


Somente na Estado do Paraná, onde a CCR é concessionária da RodoNorte, a necessidade seria entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. Na ViaOeste (Sistema Castello-Raposo, em SP), há possibilidades de investimento da ordem de R$ 800 milhões no prolongamento das marginais e mais R$ 200 milhões no acesso a Osasco. Outro investimento que está no radar, mas em compasso de espera do aditivo, é o de R$ 3,5 bilhões na Nova Dutra (RJ-SP), concessão federal.


A CCR captou R$ 4,07 bilhões com a emissão de 254,4 milhões de ações ordinárias ao preço de R$ 16 por papel. Com isso, o capital social da companhia passou a ser de 2,02 bilhões de ações ordinárias (ON). As três maiores acionistas – Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Soares Penido – não acompanharam o aumento do capital e tiveram sua participação somada diluída de 51% para 44,8%. A Andrade e a Camargo passaram a ter cada qual 14,86% e a Soares Penido, 15,05%. O restante está no Novo Mercado.


“A mudança na fatia do controle não muda em nada a governança”, disse Arthur Piotto, diretor de relações com investidores da CCR. Esse foi o 3º follow on (evento que marca a oferta pública de uma empresa de capital aberto) que a companhia fez e em todos o grupo controlador foi diluído. “É um movimento bastante natural, afinal, esses controladores estão com a companhia desde o início, então é muito natural que haja uma reciclagem de capital”, disse Piotto.


Vale classificou a operação como um sucesso. A procura foi de 3,3 vezes a oferta, 60% dos atuais acionistas exerceram seus direitos prioritários de comprar na frente. “O que é raríssimo, geralmente fica em 35%”, disse.


A maioria das ações ficou com investidores externos – cerca de 70%. A taxa de conversão de visitas no road show em ordem de compra foi de aproximadamente 65%. “Foi um sucesso sob todos os ângulos”, finalizou Piotto.

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