A compra da companhia de navegação Hamburg Süd pela Maersk Line, maior armador de contêineres do mundo, permitirá sinergias na operação dos navios dessas empresas no porto de Santos, com a possibilidade de concentração das escalas em um único terminal. “Isso traz a vantagem de permitir melhor conexão entre os serviços. Seria ingênuo dizer que a gente não olha sinergias operacionais”, disse ao Valor João Momesso, diretor de trade e marketing da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul.
“Mas tudo isso está condicionado à atuação não só do Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] como de outras autoridades antitruste no mundo”, afirmou o executivo, ao ser questionado sobre os impactos da aquisição da Hamburg Süd no cais santista.
A alemã Hamburg Süd é líder nos tráfegos marítimos com o Brasil. Em Santos, o armador opera sobretudo com o Tecon Santos, da Santos Brasil, maior terminal de contêineres do país e com quem tem contrato de longo prazo até 2019. Cerca de 50% dos contêineres movimentados no Tecon Santos são da companhia alemã.
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Já a Maersk Line opera principalmente com a BTP, cujo um dos sócios, a APM Terminals, é o braço de terminais portuários do grupo Maersk. A BTP está com alto nível de utilização da capacidade e, sem expansão, não tem condições de eventualmente absorver toda a carga da Hamburg Süd que hoje opera na Santos Brasil.
A aquisição da Hamburg Süd foi anunciada em dezembro e a expectativa é de que seja concluída entre o fim do ano e início de 2018. Comercialmente, a estratégia é manter duas marcas separadas.
Momesso falou ao Valor ao comentar o relatório do comércio exterior brasileiro realizado via marítima por contêiner. A recuperação das importações no último trimestre de 2016, após sucessivas quedas, não foi suficiente para “salvar” a movimentação no ano.
O comércio brasileiro feito por navio – modalidade que responde pela maior parte das trocas internacionais brasileiras – fechou 2016 com queda de 3% entre importação e exportação. Saiu de 4,42 milhões de TEUs (contêiner padrão de 20 pés) em 2015 para 4,29 milhões Teus, conforme dados da consultoria Datamar compilados pela Maersk. Para 2017, a expectativa da Maersk é de que não haja crescimento no transporte de longo curso pelo Brasil, ou, se tanto, leve alta de 1%.
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