Depois de atingirem as mínimas históricas no fim do ano passado, os fretes rodoviários baterão recorde em 2017. É o que aponta estudo do Banco Pine divulgado com exclusividade ao Valor. Na avaliação do economista Lucas Brunetti, autor do estudo, os custos do transporte rodoviário para escoar a safra brasileira de grãos aumentarão em razão da menor disponibilidade de caminhões – uma combinação entre queda no ritmo de vendas e crise financeira das transportadoras.
A disponibilidade de caminhões para o transporte diminui marginalmente nos últimos anos, afirmou o economista, no trabalho intitulado Logística: quem segura o rojão. O ápice da frota de caminhões ocorreu em 2014, com 1,7 milhão de veículos. No entanto, esse número recuou ligeiramente desde 2015. A questão é que a colheita e as exportações da atual safra serão recorde, o que demandará, portanto, mais caminhões.
De acordo com a estimativa do Pine, 127 milhões de toneladas de grãos serão exportadas em 2017, volume 13,4% maior que o do ano passado. A produção total da safra 2016/17 deve alcançar 219,2 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
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Na área de portos, a capacidade atual é mais que o suficiente para atender a demanda, segundo o estudo. De acordo com o Pine, os portos do país podem exportar 149 milhões de toneladas de grãos por ano.
Regionalmente, os portos ao Sul do país são mais demandados devido ao melhor acesso logístico. Os portos do Norte, que receberam muitos investimentos nos últimos anos, ainda sofrem com problemas nas rodovias de interligação entre os polos de produção. A BR-163, por exemplo, fica inacessível em épocas de chuva como a atual. Anteontem, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, reconheceu que os portos do Norte exportarão abaixo de seu potencial devido às chuvas.
Segundo Brunetti, outro ponto de alerta com relação à logística é uma possível dificuldade de escoar, caso o produtor segure os grãos à espera de preços melhores. Atualmente, as vendas antecipadas de milho estão atrasadas em relação à média. Não ter problema logístico vai depender da comercialização. E como estamos vendo uma venda baixíssima, poderemos ter um gargalo, afirmou.
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