Um impasse sobre quem presidirá as negociações agrícolas na Organização Mundial do Comércio (OMC) paralisa todos os outros órgãos da entidade global, numa situação sem precedentes na história da entidade, já ameaçada de esvaziamento pelo governo do Donald Trump.
Como se não bastassem ameaças unilaterais dos EUA e o momento complicado no comércio internacional, os países na OMC mostraram até agora diferença significativa sobre quem pode comandar o Comitê de Negociações Agrícolas, de especial importância, já que uma das expectativas para a conferência ministerial em Buenos Aires, em dezembro, é justamente a negociação de alguma disciplina para limitar subsídios domésticos para o setor.
O presidente de um comitê negociador é normalmente escolhido para ocupar o posto enquanto durar sua permanência em Genebra. Já nos comitês regulares, a eleição ocorre a cada começo do ano. Agora houve uma coincidência considerada infeliz, com a partida do embaixador da Nova Zelândia, Vangelis Vitalis. O neo-zelandês que deveria sucedê-lo, David Walker, é visto como pouco ativo, e chegou a dizer que não tinha interesse pelo cargo, altamente politizado e sensível.
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A Índia e vários outros países, sobretudo importadores agrícolas, defendem um diplomata de Hong Kong para presidir a negociação, porque o país não tem interesse no setor. Os países da América Latina e Caribe propuseram um representante do Uruguai. Diante do impasse, surgem outros nomes, inclusive o do embaixador da Argentina. A Argentina tem muitos interesses na agricultura, mas também quer uma negociação bem-sucedida na conferência que organizará em Buenos Aires, na avaliação de alguns negociadores.
O impasse não só persiste, como contaminou todos os outros órgãos da OMC. Isso quando o diretor-geral, Roberto Azevedo, alerta para a crescente importância de comitês como o de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias e o de Barreiras Não Técnicas ao comércio.
A Índia tem interesse especial na parte agrícola. O governo de Narenda Modi insiste em obter na OMC uma salvaguarda pela qual poderia elevar tarifas em caso de súbito aumento de importações agrícolas, mas num contexto de abertura de mercado.
Pelos entendimentos, este ano deveria ser encontrada uma solução para estoques de alimentos públicos da Índia por razões de segurança alimentar. Exportadores agrícolas, porém, não têm o menor interesse em avançar nessa discussão, o que afetaria suas vendas para mercados promissores.
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