Dúvidas quanto à sustentação do crescimento chinês e declarações de próprias autoridades do país quanto ao mercado siderúrgico local levaram o minério de ferro de volta a nível abaixo de US$ 85. Ontem, o produto com teor de 62% de ferro fechou cotado em US$ 84,99 por tonelada no porto de Qingdao, segundo o índice da “Metal Bulletin”.
Um patamar tão baixo não era observado desde 9 de fevereiro e representou o quarto dia consecutivo de baixa. Mesmo assim, a commodity ainda conserva valorização acumulada de 7,8% em 2017 e ostenta a maior média trimestral desde o terceiro trimestre 2014. Até agora no primeiro trimestre a média de preços encontra-se em US$ 85,98.
Durante a semana, a China Iron & Steel Association (Cisa) – que representa as siderúrgicas do país – afirmou que o mercado doméstico de aço parece estar se enfraquecendo. Além disso, como as margens das usinas se elevaram bastante recentemente, haveria pouco espaço para novas rodadas de alta nos preços do aço.
Recentemente, os preços de minério e aço andam de mãos dadas, com a alta de um sustentando o avanço de outro.
O governo chinês também afirmou que as justificativas em fundamentos econômicos também não explicavam mais o alto nível das cotações do aço. A China já produz bem mais do que consome e tem capacidade para fabricar ainda mais, o que é um obstáculo natural para reajustes.
Ontem, os contratos com vencimento em maio do aço laminado a quente recuaram 3,7% na Bolsa de Futuros de Xangai, para 3.358 yuans (US$ 487,30) a tonelada, enquanto o vergalhão do mesmo mês registrou desvalorização de 3,4%, para 3.405 yuans.
O limite para ganho de rentabilidade das siderúrgicas chinesas já começou a se refletir na produção. Segundo a Worldsteel Association, entidade que reúne dados dos 67 principais países do mundo no setor, a China fabricou 61,2 milhões de toneladas de aço bruto em fevereiro. Apesar de o volume significar alta de 4,6% em comparação anual, representa forte queda de 8,9% sobre janeiro.
O Valor fez um levantamento com 18 instituições financeiras e a média de projeções dos analistas para a cotação do minério de ferro é de US$ 62,60 em 2017. Até o fim do ano, o Julius Baer, mais pessimista, vê o insumo atingindo US$ 50 e o J.P. Morgan, mais otimista, estima US$ 66.
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