Novo CEO terá desafio de reduzir dívida de US$ 25 bilhões


Fabio Schvartsman, confirmado ontem para assumir como novo presidente da Vale a partir de maio, terá desafios de curto e de médio prazos no comando da mineradora. De imediato, há consenso no mercado que Schvartsman terá de dar continuidade ao esforço de redução do endividamento que a Vale definiu como prioridade. A empresa terminou 2016 com dívida líquida de US$ 25 bilhões e a administração que agora chega ao fim vem trabalhando para reduzir esse montante para patamar entre US$ 15 bilhões e US$ 17 bilhões. Esse nível de dívida poderia ser atingido até o fim de 2017, na visão de analistas, dependendo dos preços do minério de ferro. A médio prazo o desafio passa pela estratégia que a mineradora vai perseguir em termos de crescimento.


A redução do endividamento tornou-se preocupação central para a mineradora em 2015, quando a relação entre a dívida bruta e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) bateu em 4,1 vezes. Ao fim de 2016, essa relação tinha caído para 2,4 vezes, ajudada pela alta dos preços do minério de ferro.


A venda de ativos também é essencial nesse esforço. Ontem a Vale informou que concluiu a transação envolvendo a operação de carvão com a Mitsui, em Moçambique, e recebeu US$ 733 milhões de um total de US$ 770 milhões. O carvão de Moçambique, que ainda envolve financiamentos bancários, é a principal transação com ativos para 2017.


Também é consenso no mercado que a Vale não pode se dar ao luxo de abandonar o trabalho de redução da dívida só porque os preços da commodity estão melhores do que no ano passado. Seu resultado continuará a depender dos preços do minério de ferro, do carvão metalúrgico e dos metais (níquel e cobre). Os preços vão definir ainda se a empresa vai se manter como boa pagadora de dividendos aos acionistas no futuro.


Ontem, os preços da commodity com teor de 62% de ferro negociada no porto chinês de Qingdao fecharam a US$ 81,57 por tonelada, queda de 4,1%, segundo o índice da “Metal Bulletin”. Desde 23 de janeiro a cotação não era tão baixa e foi apenas a segunda vez no ano que o insumo teve desvalorização tão forte. Para analistas, o movimento daqui até o fim do ano também será negativo.


Até dezembro, as instituições consultadas pelo Valor preveem nível entre US$ 55 e US$ 60. A média do ano é calculada em US$ 62. Até ontem, essa média estava em US$ 85,90. No ano, o minério ainda sobe 3,4%, mostrando que a resistência de preços ao excesso de oferta global e à expectativa de menor demanda chinesa é grande.


No radar de Schvartsman haverá outros pontos relevantes a serem considerados. Um deles é o gerenciamento da oferta de minério de ferro, sobretudo com o S11D, o maior projeto da Vale, em operação desde o começo do ano. No minério de ferro, a Vale vem privilegiando margens ao invés de volumes. O controle da oferta inclui trabalho de manutenção da capacidade, sobretudo no Sudeste, à medida que as minas envelhecem.


Para especialistas, a Vale ainda tem um trabalho importante a ser feito na área operacional, para obter ganhos de competitividade em relação aos australianos, incluindo a província de Carajás, no norte do país, onde está o S11D. A Samarco também estará entre os temas de Schvartsman, que assume com agenda “desafiadora”.

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