A exemplo do que ocorreu em 2015, se não houver um nome de consenso entre os acionistas controladores, o novo presidente do conselho de administração da Usiminas será escolhido pelos minoritários da companhia. A eleição se dará na Assembleia Geral Ordinária (AGO) da siderúrgica mineira, marcada para amanhã, às 13h, em Belo Horizonte.
Escolhas de presidente do conselho e da diretoria executiva da companhia, conforme determina o acordo de acionistas, de janeiro de 2012, tem de ser fruto de decisão consensual dentro do bloco de controle societário. Para isso, é feita uma reunião prévia a todos os eventos do colegiado. Mas, desde 2014, os integrantes vivem em conflito, tornando a empresa refém das divergências nas decisões que exigem acordo dos sócios.
O bloco de controle na Usiminas é formado pela Nippon Steel & Sumitomo, pela Ternium-Techint e por Previdência Usiminas.
Entre os minoritários, quem está na disputa por assumir o cargo de presidente do conselho são a Geração Futuro L. Par e o BTG Pactual. Ambos correm em busca de votos de outros minoritários para elegerem representantes às duas vagas do conselho destinadas a conselheiros independentes.
A L. Par indicou Mário Daud Filho, tendo como suplente Daniel Carlin Epstein, conforme informação da companhia. E no dia 10 de abril formalizou pedido de voto múltiplo para eleição na AGO. De lá para cá, foi seguida por outros minoritários – a japonesa Sankyu e a GKJE Associates.
Ontem, comunicado da Usiminas informou que a Nippon Steel também fez o mesmo pedido, o que surpreendeu muita gente do mercado de capitais. O voto múltiplo geralmente é um método utilizado por minoritários para conseguir representatividade nos conselhos. Ao contrário do voto na chapa, ele contabiliza os votos de cada acionista cumulativamente.
O BTG/Econômico, que até ontem não se manifestou sobre esse tipo de voto, tentará reeleger seu atual representante, Manoel da Costa e Silva. E, com ele, tentar assumir a presidência do conselho da Usiminas. Segundo fontes, o BTG apostava na votação em separado, buscando eleger dois representantes às vagas do conselho, após a saída de Gesner de Oliveira.
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), acionista relevante, mas fora do bloco de controle, foi impedida pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de participar da AGO. Assim, perdeu a vaga de Oliveira.
Tudo indica, pela instalação do voto múltiplo, que Daud, da L. Par, e Costa e Silva, do BTG, sejam eleitos como novos conselheiros dos minoritários e disputem a presidência do conselho, repetindo o que ocorreu em 2015, quando Marcelo Gasparino, da L. Par, entrou no lugar de Paulo Penido Marques, que era representante da Nippon Steel. Gasparino concorreu com candidato do BTG.
No ano passado, Nippon Steel e Ternium, receosas de que a CSN conseguisse emplacar um representante seu na presidência do conselho, concordaram com o nome de Elias de Matos Brito, conselheiro pelo grupo ítalo-argentino.
No entanto, desde lá, as relações entre a Nippon e a Ternium azedaram muito devido às destituições (maio de 2016 e março deste ano) do presidente Rômel de Souza, nome de confiança da Nippon Steel, que tinha chegado ao cargo em setembro de 2014. Por isso, há informação de que não haverá nome de consenso dos controladores na AGO de amanhã, segundo apurou o Valor.
Ontem, a minoritária Tempo Capital entrou com pedido para criar uma 12ª vaga no conselho, informou a Usiminas. A gestora de recursos, que quer eleger um representante na assembleia, indicou Ricardo Reisen de Pinho (que está em Oi e Light) para membro efetivo e André Leal Faoro, procurador do município do Rio de Janeiro, como suplente.
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