Vale reduz dívida em US$ 2 bilhões

A Vale reforçou ontem a mensagem de que vai continuar a perseguir a redução do endividamento e, simultaneamente, manterá a estratégia comercial de formar estoques de minério de ferro perto dos clientes, em especial na China, o principal mercado da mineradora. Ao divulgar os números do primeiro trimestre, a empresa informou que diminuiu a dívida líquida em US$ 2,2 bilhões no fim de março, que caiu para US$ 22,7 bilhões ante US$ 25 bilhões em dezembro do ano passado. A empresa também deve aumentar temporariamente os estoques de minério de ferro misturados (“blendados“) na Ásia. Esse plano atende ao objetivo da Vale de capturar todo o benefício possível para o minério de Carajás, no Pará, produto de maior qualidade e melhor preço. 

O mercado recebeu bem os números da mineradora de janeiro a março deste ano, quando a Vale registrou receita de R$ 26,7 bilhões, alta de 30% sobre o mesmo período do ano passado. O aumento foi impulsionado pela alta do preço do minério de ferro. O preço realizado pela companhia para o minério de ferro de janeiro a março deste ano foi de US$ 75,8 por tonelada, bem acima dos US$ 46,50 por tonelada do primeiro trimestre de 2016. 

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) totalizou no período R$ 13,5 bilhões, aumento de 82,5% sobre o mesmo trimestre de 2016, enquanto o lucro líquido ficou em R$ 7,8 bilhões, alta de 25% sobre o primeiro trimestre do ano passado. Foi o melhor desempenho desde o terceiro trimestre de 2013, quando a Vale lucrou R$ 7,95 bilhões, disse o diretor-executivo de finanças, Luciano Siani Pires. 

Pelo lado da dívida, a Vale caminha para atingir a meta de reduzir o endividamento líquido no patamar entre US$ 15 bilhões e US$ 17 bilhões, objetivo que poderia ser alcançado até o fim deste ano, dependendo dos preços do minério de ferro. Em vídeo, Siani comentou a redução de US$ 2 bilhões na dívida no trimestre. “Mostra que a companhia está em trajetória de desalavancagem e, nos próximos trimestres, com aumentos sucessivos de produção em todas as linhas de negócios, vamos atingir resultados ainda melhores.” 

No trimestre, a relação entre dívida líquida e Ebitda ficou em 1,6 vezes, abaixo da relação de 2,1 vezes do quarto trimestre do ano passado. Em relatório, o BTG Pactual reconheceu os avanços obtidos pela Vale no trimestre, mas perguntou se a Vale teria atingido o “pico” operacional até março. A pergunta se deve ao fato de que os preços do minério de ferro estão hoje em níveis inferiores aos do começo de 2017. Em fevereiro, os preços chegaram a US$ 95 por tonelada, a maior cotação desde agosto de 2014. Mas já recuaram para patamares acima de US$ 60 por tonelada. E as perspectivas para o segundo semestre são mais fracas do que as registradas no primeiro trimestre, apontou o BTG. 

Também não há previsão de uma recuperação nos preços dos metais, outro negócio importante da Vale, que respondeu no primeiro trimestre por 18,8% da receita líquida da empresa (em termos de comparação, o minério de ferro teve participação de 76,3% da receita no período). No primeiro trimestre, houve ainda baixa contribuição do carvão para o resultado, em função de preços menores, e nos metais o Ebitda sofreu impacto de redução de volumes, aumento de custos e menores preços no níquel, como mostrou relatório do Itaú BBA. A corretora também deu destaque à forte redução da dívida no trimestre, motivada por um bom fluxo de caixa livre e pela entrada de US$ 770 milhões pagos pela Mitsui à Vale no negócio de carvão. 

Também em relatório, o Credit Suisse considerou que os resultados da divisão de minério de ferro foram bons no trimestre, mas poderiam ter sido melhores. A estratégia de formação de estoques no exterior fez com que o volume de vendas de minério de ferro da Vale no trimestre atingisse 78 milhões de toneladas, incluindo finos de minério e pelotas, abaixo do volume produzido no trimestre. O diretor-executivo de ferrosos e estratégia da Vale, Peter Poppinga, afirmou que os estoques podem passar temporariamente por um aumento como resultado da maior blendagem na Ásia. A previsão é que a Vale misture no exterior 80 milhões de toneladas em 2017, o dobro de 2016. Em 2015, o “

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