A mineradora Vale deverá em breve voltar a uma fase de
expansão de seus negócios mirando oportunidades de fusões ou aquisições e estratégias
para diversificar seu portfólio, atualmente com forte dependência do minério de
ferro, disse o novo presidente da companhia, Fabio Schvartsman, em encontro com
analistas, na sexta-feira.
“Apesar da alta qualidade dos ativos de minério de ferro da
companhia e da alta lucratividade dessa unidade de negócios, o fato de todos os
ovos estarem na mesma cesta é um importante risco de longo prazo para a
companhia”, afirmaram analistas do Credit Suisse, em relatório para clientes
que resume os principais pontos da reunião com Schvartsman.
O Bradesco BBI também produziu um relatório após conversa
com o executivo, que tomou posse na segunda-feira, no qual afirma que uma
questão-chave para a Vale será avaliar qual a melhor estratégia de
diversificação do portfólio. Os negócios de níquel, por exemplo, não geram
lucros suficientes.
“A estratégia será baseada em crescimento e diversificação
para além do minério de ferro, com aquisições e fusões como a principal
ferramenta. Desalavancagem e pagamento de dividendos não são o suficiente. A
Vale precisa ter uma clara estratégia de crescimento”, explicou o Bradesco BBI,
ao comentar as falas de Schvartsman.
De acordo com o Credit Suisse, o novo presidente da Vale
criou grupos para avaliar a estratégia e a performance da empresa em diversas
unidades de negócios, e um diagnóstico estará pronto em 60 dias.
A Vale também contratou a consultoria Falconi para avaliar
sua matriz de custos e identificar potenciais cortes.
Ainda segundo o Credit Suisse, a companhia provavelmente conseguirá
reduzir sua dívida líquida para um nível abaixo da meta de US$ 15 bilhões
anunciada anteriormente.
Já os analistas do Bradesco BBI citaram também outras
mudanças culturais que o novo presidente pretende implementar na Vale, como
maior transparência, com executivos trabalhando todos na mesma sede, sem
“clusters isolados dentro da companhia”.
O executivo também falou em reduzir a interferência do
governo na companhia.
Schvartsman substituirá na Vale o administrador de empresas
Murilo Ferreira, que presidiu a mineradora durante seis anos. Ele tem 63 anos e
desde 2011 era presidente executivo da Klabin, produtora de papel e celulose.
Braço direito como assessor. A contratação do executivo
Juarez Saliba de Avelar, ex-CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), reforça a
tese de que a Vale poderá voltar a olhar ativos, conforme informou o Estado na
quarta-feira. Avelar foi contratado para trabalhar como assessor da presidência
da mineradora. Avelar também já teve passagem pela Vale – trabalhou por 17 anos
e deixou a companhia em 2002, um ano depois de a chegada de Roger Agnelli.
Fontes afirmaram ao Estado que Avelar é um executivo com
perfil mais investidor. “Durante sua passagem pela CSN, ajudou no planejamento
de investimentos e expansão da siderúrgica. Ele também trabalhou no projeto da
ferrovia Transnordestina”, disse uma pessoa a par do assunto.
Avelar chegou à companhia uma semana antes de Schvartsman,
que teve uma trajetória de sucesso no grupo Klabin e Ultra. Na semana em que
estourou as delações dos irmãos Batista, donos da JBS, Schvartsman estava em
viagem ao exterior para conversar com investidores. O executivo estava
acompanhado de Murilo Ferreira, ex-presidente do grupo, e Luciano Siani,
diretor de finanças da companhia.
Leia também: Vale estuda
diversificar ativos para depender menos de minério de ferro
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