Com pouco mais de 300 km de trilhos em sete capitais (São
Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Belo Horizonte e Fortaleza),
a rede de metrô no Brasil tem extensão menor que a de Xangai, construída em
menos de duas décadas e que já soma quase 600 km. De acordo com o Plano CNT de
Transporte e Logística, o Brasil possui um déficit de infraestrutura
metroferroviária de pelo menos 1.200 km. Para solucionar esse entrave e
modernizar a mobilidade urbana nas principais cidades brasileiras, a CNT estimou
a necessidade de R$ 167,1 bilhões.
O volume de recursos pode ser ainda maior. Segundo estudo do
BNDES, são necessários R$ 235 bilhões em linhas de metrô, corredores expressos
de ônibus e Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), para minimizar o congestionamento
nas cidades brasileiras. O maior gargalo está em São Paulo, cuja demanda
chegaria a R$ 84 bilhões, pouco mais de um terço do total. De acordo com o
relatório do BNDES, haveria um déficit de 235 km em linhas de metrô no Brasil,
demandando R$ 141 bilhões em investimentos, e 365 km de VLT, com demanda de R$
25,5 bilhões e outros R$ 29 bilhões para suprir os 146 km de déficit em trens
leves.
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O estudo do BNDES ainda aponta que os maiores gargalos estão
em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. As três capitais, ao lado de
Fortaleza e Porto Alegre, concentram 77% da demanda dos R$ 235 bilhões
necessários para a expansão. A maior parte dos recursos deveria se destinar aos
modais metroferroviários: R$ 210 bilhões para a construção de 834 km de metrôs,
trens, monotrilhos e VLTs.
O sistema precisa ter mais novas opções. Os ônibus realizam
mais de 80% das viagens por transporte público no país e transportam 70% dos
brasileiros. O metrô, que tem sido a alternativa adotada pelas grandes
metrópoles no mundo, é uma solução cara e pode ser lenta, mas seria eficiente
para as grandes cidades brasileiras, por ser um meio rápido, seguro e de alta
capacidade de transportar pessoas, observa Paulo Resende, da Fundação Dom
Cabral. O custo de implementação de um quilômetro de metrô com a construção da
estação estaria em R$ 500 milhões, podendo exceder esse valor, dependendo do
volume de desapropriações a ser feito e da complexidade das intervenções
subterrâneas.
Resende aponta que estudos realizados em Belo Horizonte
mostram que a rede de linhas subterrâneas da cidade deveria ter 150 km de
extensão para atender à demanda. Hoje a capital mineira possui menos de 30 km
em operação. Para chegar à extensão necessária, seria preciso investir R$ 150
bilhões. “Não será o Orçamento da União ou orçamentos de Estados que farão
o milagre. Será preciso adotar soluções diferenciadas, como a atração de
investidores estrangeiros que possam operar as linhas”, defende.
A solução não depende apenas do metrô, mas de viabilizar
outros meios, como os monotrilhos, os Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs),
trens urbanos, bondes elétricos, cada qual com custos e capacidades de
transporte diferentes.
Cabe ressaltar que a emissão de poluentes desses sistemas é
mais baixa do que o transporte individual ou coletivo sobre rodas. Os metrôs
são considerados sistemas de alta capacidade, podendo levar de 40.000 a 80.000
passageiros por sentido por hora. Os monotrilhos transportam até 48.000
passageiros por sentido por hora.
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