A economia brasileira registrou, no primeiro trimestre deste
ano, o primeiro resultado positivo após dois anos seguidos no vermelho.
O IBGE divulgou nesta quinta (1º) que o PIB (Produto Interno
Bruto) cresceu 1% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2016,
já retirados os efeitos sazonais. É o primeiro número positivo desde o quarto
trimestre de 2014, ou seja, após oito quedas seguidas.
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Em relação ao primeiro trimestre de 2016, o PIB recuou 0,4%.
No acumulado de quatro trimestres, a queda é de 2,3%.
O principal fator para o resultado positivo no primeiro
trimestre foi o desempenho do setor agropecuário, que cresceu 13,4% no período,
embalado por safras recordes de grãos.
Os serviços, que respondem por mais de 70% do PIB, ficaram
estáveis.
A indústria também teve resultado positivo, com alta de
0,9%.
CONSUMO E
INVESTIMENTO
Com o desemprego em nível recorde, o consumo das famílias
seguiu em leve baixa (-0,1%). Também houve queda, de 0,6%, no consumo do
governo.
O investimento recuou 1,6%, ainda na esteira da recessão.
O resultado do PIB veio em linha com o que projetavam
analistas. A projeção central era de uma alta de 1% no trimestre.
REVISÃO
Na divulgação do PIB, o IBGE anunciou também a revisão dos
resultados referentes a três trimestres de 2016. O resultado do acumulado do
ano, porém, foi mantido em -3,6%.
No quarto trimestre, a queda do PIB foi atenuada, passando
de 0,9% para 0,5%. No terceiro trimestre, a queda foi revista de 0,7% para
0,6%.
O terceiro trimestre manteve retração de 0,3%. E no primeiro
trimestre, foi acentuada: ao invés de cair 0,6%, o PIB caiu 1%, informou o
IBGE.
FIM DA RECESSÃO?
Apesar de o número do trimestre apontar uma melhora da
economia, especialistas afirmam que não é garantia de que o país saiu da
recessão.
Embora o conceito de dois trimestres consecutivos de queda
seja a definição mais popular de recessão, na prática nem sempre isso ocorre.
O Codace (Comitê de Datação dos Ciclos Econômicos) –que
estabelece, oficialmente, o início e o fim das recessões no Brasil– marcou o
segundo trimestre de 2014 como o marco inicial do atual ciclo, embora ele tenha
sido seguido por dois outros trimestres de estabilidade do PIB.
Em termos técnicos, para que uma economia esteja em expansão
é preciso que o crescimento esteja espalhado por vários setores e em rota
sustentável.
Além disso, os dados que começam a sair do segundo trimestre
e a mais recente turbulência política elevam o risco de que o PIB volte a cair
nos próximos meses.
Para especialistas, as duas características que indicam fim
da recessão —crescimento em vários setores e em rota sustentável— não estão
claramente configuradas no Brasil atualmente.
Apesar dos bons resultados do agronegócio, a indústria tem
apresentado altos e baixos e o setor de serviços continua sofrendo com a falta
de demanda em um contexto de desemprego recorde.
Além disso, segundo economistas, o PIB pode voltar a recuar
no segundo trimestre, principalmente após a deterioração do cenário político,
com risco de paralisia de reformas, como a da Previdência.
“Ainda não via motivo suficiente para dizer que a
recessão tinha acabado. A crise política adicionou um viés extra de baixa nessa
análise”, diz o economista Paulo Picchetti, da FGV.
Picchetti é um dos sete membros do Codade. Ele ressalta que
foi difícil determinar o início do atual ciclo recessivo e tudo indica que isso
se repetirá no processo para registrar seu fim.
Os comitês de datação de ciclos —no Brasil e em outros
países— normalmente esperam algum tempo para anunciar suas decisões e só se
manifestam quando têm elementos suficientes nos quais se basear.
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