Risco de interferência política é página virada, diz presidente da Vale

Com a grande adesão de investidores minoritários à proposta
de reorganização societária da Vale, o presidente da companhia, Fabio
Schvartsman, disse nesta segunda (14) que o risco de interferência política na
empresa é “página virada”.

Na sexta (11), a companhia anunciou que detentores de volume
equivalente a 84,4% das ações preferenciais aceitaram a conversão para ações
ordinárias, primeira fase da reestruturação que vai transformar a Vale em uma
empresa sem controlador.

Nesta segunda (14), a Vale conclui a segunda etapa, que é a
incorporação da Valepar —holding que detém o controle da mineradora, composta
por Bradesco, BNDES, Mitsui e fundos de pensão.

Em um primeiro momento, os acionistas da holding terão 44%
das ações da empresa —fatia que pode ser reduzida a 41% com a adesão dos
minoritários que não se manifestaram no prazo de conversão.

Os acionistas da Valepar terão que manter seus papeis por um
prazo de seis meses.

“A partir desta noite, a Vale será uma empresa sem
controlador definido”, disse Schvartsman, em teleconferência com a
imprensa. “Esse assunto de interferência do governo eu considero
resolvido”, afirmou.

“Esse assunto é página virada. O governo agora, como
acionista minoritário, é tão bom, tão correto e tem que ser tratado como
qualquer outro acionista”, respondeu, ao ser questionado novamente sobre o
tema.

A proposta de pulverizar o capital da companhia foi
apresentada em fevereiro, pouco antes do aniversário de 20 anos da privatização
da empresa, que ocorreu em junho de 1997.

A ideia, segundo os controladores, é elevar os níveis de
governança da empresa, que deve migrar para o novo mercado da bolsa de São
Paulo (B3). Schvartsman disse que empresa trabalha para antecipar esse
processo.

Ao reduzir o poder de voto dos fundos de pensão e do BNDES,
o processo também é visto como uma blindagem a interferências políticas na
gestão da mineradora.

“Nossos advogados se debruçam sobre hipóteses de como
antecipar a ida para o novo mercado. Seguramente vai acontecer muito antes dos
três anos previstos”, disse ele.

Para isso, precisa encontrar uma saída para os acionistas
que mantiveram os papéis preferenciais. A empresa ainda não definiu se vai
propor uma adesão voluntária ou mandatória.

Disse apenas que não pretende gastar dinheiro com compra de
ações. No processo de conversão encerrado na sexta, cada ação preferencial foi
trocada por 0,9342 ação ordinária.

“Não sabemos neste momento o que fazer, mas só posso
dizer que teremos que dar um tratamento justo a eles”, afirmou.

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